O Festival de Cannes resolveu dar um basta na transparência e nudez em seu tapete vermelho. Às vésperas da edição de 2025, os organizadores anunciaram uma atualização no código de vestimenta do evento, proibindo vestidos “naked” e excesso de pele à mostra. A regra pegou muitos de surpresa – afinal, Cannes sempre foi conhecido pelos looks ousados das celebridades. Mas o que motivou essa decisão, como ela foi recebida e o que podemos esperar do próximo festival? Vamos conferir.
Decência e tradição: por que Cannes mudou as regras?
Na manhã do dia 12 de maio, o site oficial do Festival de Cannes publicou um documento com novas regras de vestimenta para convidados. Por motivos de “decência”, a nudez e transparências exageradas estão banidas do tapete vermelho, assim como decotes ultra-profundos e fendas reveladoras. Em outras palavras, nada de vestidos completamente transparentes ou figurinos que mais revelam do que escondem.

A organização justificou a mudança citando a preservação da fluidez e prestígio visual do evento – roupas volumosas demais ou convidados parando para flashes com pouca roupa podem atrapalhar a circulação e até dificultar que todos se sentem no teatro. O festival também vetou vestidos com caudas longas e acessórios enormes (como mochilas ou bolsas gigantes) para evitar tumultos. Quem insistir em ignorar o dress code será barrado na entrada, sem exceções, avisam os organizadores.
Mas teria havido um empurrãozinho específico para o festival endurecer suas regras? Nos bastidores da moda, comenta-se que um certo look quase nu de Bella Hadid no Cannes 2024 pode ter sido a gota d’água. A top model chocou ao aparecer com um vestido transparente Saint Laurent no ano passado – praticamente apenas um fino tecido cor de pele cobrindo o necessário, no melhor estilo “you can’t see me” fashion.
O burburinho foi enorme, e talvez tenha acendido o alerta na direção do festival. Além disso, Cannes já vinha de anos em que vestidos abusados chamaram mais atenção que os filmes. Parece que agora a direção quer trazer de volta a elegância clássica ao tapete vermelho, resgatando um pouco da tradição (e cobrindo um pouco mais de pele).

Reação das celebridades e críticos de moda
É claro que uma mudança dessas não passaria sem comentários no mundo fashion. Celebridades e estilistas logo se manifestaram, divididos entre apoio e críticas. A stylist poderosa Karla Welch, por exemplo, foi uma das primeiras a chiar publicamente. Em seu Instagram, ela debochou da nova regra, dizendo que queria um vestido bem transparente para mostrar “o que é decente” em Cannes – e tachou a proibição de “entediante, patriarcal e chata”. Para Welch e muitos críticos, a medida tem um quê de moralismo antiquado. A moda “naked dress” muitas vezes é vista como empoderamento feminino, uma forma de celebrar o corpo e a liberdade – e bani-la soou para alguns como um retrocesso. “Esqueceram de celebrar os corpos; preferem escondê-los”, ironizou uma comentarista, apontando o tom conservador da nova diretriz.

Nas rodas de fãs e nas redes sociais, o assunto também bombou. Teve quem aplaudiu (“Até que enfim um pouco de classe!”, disseram alguns) e teve quem lamentou o fim dos looks bafo. Afinal, Cannes virou sinônimo de moda ousada ao longo dos anos. Quem não se lembra de Bella Hadid literalmente cobrindo os seios só com um colar dourado em 2021? Ou das fendas quilométricas e transparências de outras musas no festival? Essas imagens correram o mundo e faziam parte do show.
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Até famosos que não costumam causar ficaram pensativos: Naomi Campbell, por exemplo, adorou desfilar um vintage transparente em 2024, e agora vê esse estilo ser “cancelado” pelo evento. Em meio à polêmica, vale lembrar que não é a primeira vez que Cannes implica com o figurino dos convidados. Até 2018, acredite, mulheres não podiam usar sapatos sem salto no tapete vermelho – a regra do salto alto só caiu depois que Kristen Stewart desafiou tudo e subiu as escadas descalça em protesto. Ou seja, dress codes rígidos já renderam dor de cabeça antes.

Impacto esperado na edição de 2025
Resta saber como ficará o glamour de Cannes sem suas doses de ousadia habituais. Será que o tapete vermelho deste ano estará mais comportado? Alguns especialistas acham que, na prática, não vai mudar tanto assim. Grandes estrelas têm margem para contornar regras sutilmente – um forro cor da pele aqui, um recorte estratégico ali – e talvez apareçam visuais “quase transparentes” disfarçados de vestidos formais.
Por outro lado, as influenciadoras e novatas que costumavam usar trajes reveladores podem enfrentar a porta fechada se tentarem repetir a dose. É bem possível vermos uma Cannes 2025 mais recatada… pelo menos oficialmente.
No entanto, a longo prazo, essa decisão de Cannes pode influenciar outras premiações e a moda de tapete vermelho em geral. Se um dos maiores festivais do mundo está dizendo “não” aos naked dresses, será que o Oscar, o Grammy e companhia podem seguir o exemplo? Alguns acreditam que sim: uma vez que um grande evento bane mamilos à mostra e transparências, outros podem seguir o traje (ou melhor, o dress code).
Designers e estilistas talvez comecem a repensar suas criações para as celebs, diminuindo a transparência e investindo em novas formas de chamar atenção. Em vez de pele, veremos mais volume arquitetônico? Mais brilho e cores? A criatividade pode florescer dessas restrições – ou, como temem alguns, os red carpets podem ficar meio sem graça.
De qualquer forma, Cannes 2025 promete ser um divisor de águas fashion. Os convidados já foram alertados a preparar planos B de figurino (afinal, aquela segunda opção menos reveladora agora vai ter que entrar em ação). Muitos fãs de moda estão curiosos para ver se a mudança será realmente cumprida à risca.
Será o fim da era do “vestido nu”? Ou algum rebelde vai arriscar desafiar as regras bem debaixo do nariz dos seguranças? Saberemos em breve. Por enquanto, só uma coisa é certa: em Cannes este ano, menos pele é mais. E que vença o melhor look – mesmo que mais coberto!