Anny Bergatin, conhecida pelo público como Ruivinha de Marte, ganhou notoriedade com vídeos bem-humorados nas redes sociais, onde sua magreza se tornou um dos aspectos mais comentados pelos internautas. No entanto, por trás do humor e da aparência peculiar, existia uma realidade dura, a fome. Em entrevista à revista Quem, a influenciadora de 28 anos revelou que seu corpo extremamente magro não era resultado de escolhas, mas sim da escassez de alimentos durante a infância.
“Antigamente a gente passava muita fome. Então, não era algo que eu queria provocar, é porque realmente a gente não tinha o que comer”, contou Anny.
Criada em um lar com poucos recursos, ela relata que, em dias bons, faziam no máximo duas refeições. Com o tempo, seu organismo acabou se adaptando à baixa ingestão de comida, algo que afetou não apenas seu corpo, mas também sua relação com a alimentação e com a própria imagem.
Durante a adolescência, os efeitos da desnutrição ficaram ainda mais evidentes e difíceis de enfrentar, principalmente no ambiente escolar. Comentários maldosos e a exclusão social contribuíram para a queda da autoestima.
“Naquela fase, a gente quer namorar, paquerar… Mas ninguém queria se associar a mim. Ouvi muito ‘Deus me livre’ quando se tratava de ficar com alguém magra demais. Isso ficou na minha cabeça, comecei a acreditar que ser magra era algo feio”, desabafa.
Mudança de visual
Durante a pandemia, Anny decidiu mudar seu visual, tingiu os cabelos de vermelho e criou a personagem Ruivinha de Marte. Com danças, humor e irreverência, ela rapidamente conquistou espaço nas redes sociais. No entanto, a personagem também funcionava como uma espécie de escudo emocional.
“As pessoas me viam como engraçada, uma figura diferente, que dançava e fazia os outros rirem. Por trás disso, eu me escondia”, confessa.
“Na verdade, meu sonho era me destacar como jornalista, mas a vida me levou por outro caminho.”
Mesmo com a fama crescendo, a visibilidade também trouxe consequências negativas. Ruivinha passou a lidar com comentários ofensivos e preconceituosos, muitos deles insinuando doenças ou uso de drogas devido à sua aparência física.
“Foi aí que entendi o que era realmente sofrer ataques na internet. Diziam que eu tinha AIDS, que era usuária… coisas pesadas.”
Nova fase: saúde, autoestima e autocuidado
Vivendo um momento de transformação, Anny hoje celebra os benefícios do acesso a uma alimentação adequada e de qualidade. Com dieta equilibrada, suplementação e acompanhamento médico, ela tem notado mudanças importantes, não só no corpo, mas também na mente.
“Está sendo uma transformação grande. Meu corpo está aprendendo a receber comida de verdade, vitaminas, nutrientes… coisas que eu nunca tive acesso”, relata.
Auxílio médico
A decisão de buscar ajuda profissional veio após anos de insatisfação com o corpo e a enxurrada de críticas que recebia, inclusive antes da fama.
“Comecei a me preocupar comigo mesma. Minha costela aparecia, os ossos do ombro estavam muito evidentes, minha clavícula saltada. Minhas pernas muito magras…”, relembra.
“Antes mesmo de ser influenciadora, já buscava atendimento no SUS para entender o que estava acontecendo, porque me sentia muito fraca”, conta.
Os exames confirmaram o que ela já suspeitava: todas as vitaminas estavam abaixo do ideal, ela estava prestes a desenvolver anemia e precisou iniciar reposição de ferro.
“O médico disse: ‘Olha, você tem 3% de gordura no corpo, o que é quase impossível. Nem os melhores atletas têm isso às vezes’.
“Tive que começar a trabalhar para aumentar essa porcentagem, porque, se eu treinasse ou ficasse muito tempo sem comer, meu corpo começaria a consumir os músculos”, relembra.
Além da musculação, que passou a fazer parte da sua rotina, ela também iniciou um tratamento com suplementação e vitaminas essenciais.
“Minha família depende de mim, eu preciso cuidar de mim”, reflete.
Peso ideal e confiança restaurada
A nova fase uniu dedicação aos treinos com alimentação adequada. Ruivinha, que antes oscilava entre 43 e 46 kg, e no máximo chegava aos 48 kg, hoje comemora os 60 kg conquistados com saúde.
“Quando cheguei aos 50 kg, falei: ‘Agora a chave virou de verdade, porque eu nunca tinha alcançado esse peso'”, afirma com orgulho.
A transformação física também impactou sua autoestima de maneira profunda.
“Minha autoestima… Antes eu já usava biquíni, roupa curta, mas hoje me sinto realmente segura. Antes eu usava por usar, mas não me sentia bem. Hoje, estou vestindo roupas que jamais imaginei usar”, finaliza.
