A Polícia Federal (PF) revelou que o professor Paulo Lício de Geus, do Instituto de Computação da Unicamp, participou da elaboração e revisão do relatório apresentado pelo Partido Liberal (PL) para questionar a segurança das urnas eletrônicas nas eleições de 2022. O documento foi utilizado como base na tentativa de deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro.
Apresentado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 22 de novembro de 2022 pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, o relatório foi classificado pela Justiça como infundado, contendo alegações falsas sobre possíveis fraudes no segundo turno da eleição presidencial. Como consequência, o TSE multou o partido em R$ 23 milhões por não fornecer provas que sustentassem as acusações.
Segundo a PF, Geus integrava o chamado “Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral”, que teria como objetivo incitar a população contra o resultado das eleições e promover desconfiança na Justiça Eleitoral.
Apesar de colaborar com o relatório, mensagens obtidas pela investigação mostram que, três dias antes da divulgação do documento, o professor admitiu ter encontrado explicações técnicas para as supostas irregularidades das urnas e afirmou não haver evidências de votação anormal no segundo turno de 2022.
Ainda assim, o relatório final da PF aponta que Geus repassou informações falsas a influenciadores, como o blogueiro argentino Fernando Cerimedo, também indiciado no caso. Em mensagens interceptadas, o professor relatou ter enviado dados a Cerimedo, até mesmo traduzidos para o inglês, após dificuldades do blogueiro em compreender o material em português.
Embora Geus não tenha sido indiciado, as conclusões da investigação reforçam o papel do relatório como parte de uma estratégia para atacar o sistema eleitoral e fomentar discursos antidemocráticos.
Foto: Professor da Unicamp Paulo Geus – Reprodução redes sociais