Quatro vigilantes patrimoniais foram presos na tarde desta segunda-feira (16) por manter um rapaz, de 27 anos, em cárcere privado por cinco horas numa cela que fica ao lado da linha férrea de Americana, no interior de São Paulo.
Eles trabalham para a empresa CampSeg e prestam serviço terceirizado para a Rumo. A Gama (Guarda Municipal de Americana) foi acionada e viu o jovem preso no local, usado para guardar uma esteira de engraxar as rodas de ferro do trem.
Os guardas indagaram os quatro vigilantes sobre a necessidade de libertação e eles teriam dito que as chaves do cadeado estariam na cidade de Araraquara. O rapaz disse que estava preso desde o início da manhã, sem alimentação e hidratação.
“O guarda tentou retirar a vítima do local, sem sucesso. Quando informou que acionaria o Corpo de Bombeiros para auxílio, um dos vigilantes empunhou uma pistola Spark, arma de choque. Os quatro vigilantes também estavam armados com armas de fogo, curtas e longas”, informou a Polícia Civil.
A DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana foi, então, acionada e compareceu ao local. O delegado Filipe Rodrigues de Carvalho usou um alicate e rompeu o cadeado.
Os vigilantes já estavam desarmados e foram encaminhados à sede da Delegacia. Eles foram presos por tortura e desobediência.
Jovem teria sido colocado na cela por outras pessoas e os vigilantes foram omissos
O rapaz informou que, durante a madrugada, teria participado de uma transferência bancária na modalidade PIX, e que, horas depois, quando já estava na sua casa, recebeu a visita de pessoas que residem no bairro Vila Cordenonsi, em Americana.
Esse indivíduis, que não foram localizados, teriam levado a vítima à cela improvisada na linha férrea, acessando o cadeado e trancando até que o valor de R$ 5 mil fosse restituído.
O jovem ainda declarou que nenhum dos vigilantes o colocou na cela improvisada. “Fortalecendo a ideia de que os agentes de segurança privada tinham ciência dos fatos e agiam por omissão”, afirmou o delegado.
“Considerando o local utilizado como forma de incutir intenso sofrimento à vítima, como condição para a realização de pagamento, restou segura a incidência do crime de tortura, na modalidade omissiva, ocasião em que todos os agentes de segurança provada foram ouvidos a termo, indiciados e recolhidos ao cárcere, com as necessárias comunicações. Armas de fogo, coletes balísticos, aparelhos celulares e veículos devidamente apreendidos para submissão a perícia técnica”, complementou Carvalho.
Nota da Rumo
A concessionária informou que tomou conhecimento da ocorrência envolvendo os colaboradores da empresa segurança privada e que acionou o Grupo GPS, ao qual os funcionários estão vinculados, e está adotando tudo ao seu alcance para a apuração do fato.
“A empresa reforça seu compromisso com a transparência e com a correta apuração dos fatos, garantindo que todas as medidas necessárias sejam tomada e segue à disposição das autoridades competentes“, disse a empresa responsável pela linha férrea.
Nota da Campseg
“A Campseg informa que está colaborando com as autoridades na investigação do caso ocorrido nesta segunda-feira, dia 16, em sua unidade de Americana. A empresa lamenta o ocorrido e reforça que repudia qualquer tipo de ação contrária aos valores contidos em seu código de ética e conduta“, relatou a empresa responsável pelos vigilantes.