Já escrevi por aqui que os portugueses, em sua grande maioria, têm um apreço imenso quando o assunto resvala em sua gastronomia e culinária. E não é para menos, há inúmeros pratos e receitas portuguesas conhecidos além-fronteiras, inclusive os doces feitos à base de gemas de ovos, os famosos doces conventuais, que também são uma febre por quase todo o país deixando nacionais e estrangeiros sempre com água na boca e, certamente, quilos a mais na balança.
Há alguns meses dediquei uma coluna à famosa francesinha, um sanduíche tipicamente portuense que ganhou fama internacional graças à visita do jornalista americano Anthony Bourdain (1956-2018), que esteve em Terras Lusas em 2017, para gravar um episódio para a nona temporada de “Parts Unknown”, seu programa de culinária americano.
Não bastasse a descoberta e a revelação dessa iguaria aos 4 cantos do mundo, o jornalista fez uma verdadeira peregrinação por vários restaurantes para provar qual era a melhor francesinha do Porto sendo o restaurante “OAfonso”, o escolhido por ele.
A coluna sobre a francesinha do Porto foi uma das mais acessadas e vistas nos últimos meses, e para minha surpresa, muito amigos portugueses me confessaram que não sabiam sobre a história do prato mais famoso do Norte, e muitos foram tirar a prova dos nove para saber se a francesinha do restaurante escolhido por Bourdain era mesmo a melhor da cidade.
Mas Anthony Bourdain fez outra grande descoberta e revelação, talvez menos famosa e midiática que a francesinha, mas nem por isso menos deliciosa, e, ainda, mais típica da região norte de Portugal.
A sensação da vez e que todo portuense conhece, sem nenhuma sombra de dúvida, são os cachorrinhos à moda do Porto. O cachorrinho portuense poderia até ser comparado ao cachorro-quente brasileiro, mas a comparação seria injusta, tanto para um quanto para o outro, pelas inúmeras peculiaridades, texturas e paladar de cada uma dessas receitas.
Se a inclusão de ingredientes extras como batatas e cebolas fritas, alface, pepinos, além de uma quantidade considerável de temperos como maionese, mostarda e ketchup, fazem o hot-dog tupiniquim parecer um cão da raça São Bernardo, os cachorrinhos à moda do Porto estão muito mais para um galgo inglês com poucos ingredientes e temperos na medida certa.
Para um primeiro olhar, o petisco portuense parece fácil de preparar: uma clássica baguete tostada com salsicha fresca, linguiça e queijo. Simples assim. No entanto, há ainda que se falar sobre o molho picante, feito à base de pimenta e manteiga, que é colocado sobre o sanduíche.
No início de 2019, os cachorrinhos da Cervejaria Gazela, cujo dono é considerado o criador da iguaria, foram notícia internacional com a nomeação para a primeira edição dos The World Restaurant Awards.
Os prêmios distinguiram espaços em todo o mundo em diversas áreas. Portugal tinha dois nomeados, mas acabou por não vencer nenhum. Ainda assim, o típico snack do Porto ficou entre as cinco melhores opções de “especialidades da casa” do mundo.
Hoje a coluna arrisca a dar os mesmos passos da apresentadora Ana Maria Braga só que de forma digital, e mostra o passo a passo para fazer um delicioso cachorrinho à moda do Porto. Vamos lá?
Comece por ligar a tostadeira para aquecer. Enquanto a tostadeira aquece, prepare o molho, colocando um pouco de manteiga numa tijela média e um pouco de piripíri/pimenta na quantidade que desejar. Leve ao micro-ondas para que derreta um pouco. Após mexa lentamente.
Em seguida corte 4 tiras de linguiça fresca e linguiça defumada do mesmo tamanho das baguetes. Abra as baguetes ao meio, separe as metades de baixo das de cima.
A seguir, corte a linguiça fresca ao meio na longitudinal, distribua pela metade de baixo da baguete, espalme-a, retire a pele. Repita o mesmo procedimento com a linguiça defumada, mas espalme-a por cima da salsicha, retirando também a pele.
Coloque na tostadeira e deixe grelhar (durante 10 a 15 minutos) e quando estiver no ponto pincele com o molho. Após coloque o queijo por cima e cubra com a outra metade da baguete. Prense para que o cachorro fique achatado e mantenha-o no calor até finalizar de tostar e o queijo derreta totalmente.
Abra a tostadeira e pincele toda a superfície da baguete com o molho. Volte a fechar a tostadeira e deixe assim por mais um minuto.Retire finalmente a baguete da tostadeira e corte-a em pequenas porções. Sirva com uma cerveja bem gelada e com batatas fritas.
Aposto que o leitor vai se divertir com a experiência de brincar de chef de cozinha e virar um adicto desse iguaria portuense. Mas caso o leitor esteja em Terras Lusas, mais precisamente no Porto, não pode deixar de ir na Cervejaria Gazela e provar “in loco” o famoso cachorrinho à moda do Porto.