A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro definitivo da vacina contra chikungunya desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica Valneva. A autorização, publicada nesta segunda-feira (14) no Diário Oficial da União, permite a aplicação do imunizante em pessoas com 18 anos ou mais em todo o território nacional.
Com a liberação, o Brasil passa a contar com a primeira vacina oficialmente aprovada contra a doença, que já atingiu 620 mil pessoas no mundo apenas em 2024. A chikungunya é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, também vetor da dengue e do zika vírus, e pode causar dores articulares intensas e crônicas, além de febre alta e outros sintomas debilitantes.

Resultados de eficácia da vacina do Butantan
O pedido de registro foi protocolado em dezembro de 2023, após a aprovação da vacina nos Estados Unidos pelo FDA. O estudo clínico de fase 3, realizado com adolescentes brasileiros, indicou a formação de anticorpos neutralizantes em 100% dos voluntários com infecção prévia e em 98,8% daqueles sem exposição anterior ao vírus. A eficácia se manteve em 99,1% dos participantes após seis meses.
Os efeitos adversos observados foram, em sua maioria, leves ou moderados, com destaque para dor de cabeça, febre, dores no corpo e fadiga.
“A partir da aprovação pelo CONITEC, a vacina poderá ser fornecida estrategicamente. No caso da chikungunya, é possível que o plano do Ministério seja vacinar primeiro os residentes de regiões endêmicas, ou seja, que concentram mais casos”, disse o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás.
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Próximos passos
Apesar da aprovação, o imunizante ainda depende de novas etapas para ser incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS). O Instituto Butantan desenvolve uma nova formulação com insumos nacionais, voltada para facilitar a inclusão da vacina no Programa Nacional de Imunizações. A decisão final caberá à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e aos demais órgãos responsáveis pela política pública de saúde.
A chikungunya é considerada uma das arboviroses com maior impacto prolongado sobre a qualidade de vida dos infectados. Além da forma aguda, que pode incluir:
- Febre acima de 38,5 °C
- Dores nas articulações
- Manchas vermelhas
- Mal-estar geral
- Há registros de sequelas articulares persistentes e até de óbitos relacionados à doença.