Na quinta-feira (5), durante a Expocitros 2025, no estande da Green Has do Brasil, a professora doutora Margarete Boteon e o pesquisador Renato Garcia, coordenadores do Projeto Citros/Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP), apresentaram uma análise técnica sobre o cenário da citricultura no estado de São Paulo, com foco na safra 2025/26.
A apresentação integrou o Projeto Parcerias Inteligentes da HF Brasil, que visa fortalecer o compartilhamento de dados estratégicos entre centros de pesquisa, empresas do setor e produtores rurais.
Expocitros: produção de laranja deve atingir 314,16 milhões de caixas
De acordo com levantamento divulgado pelo Fundecitrus em maio de 2025, a produção de laranja nas regiões de São Paulo e Triângulo Mineiro deve alcançar 314,16 milhões de caixas na safra 2025/26. Esse volume representa um crescimento de aproximadamente 36% em relação à safra anterior.
O aumento é atribuído, principalmente, à maior contribuição da segunda florada (responsável por cerca de 70% da produção), às condições climáticas favoráveis no período de florescimento e ao uso crescente de sistemas de irrigação e pomares com alta densidade de plantio.
A quebra severa registrada na safra 2024/25 impactou significativamente os estoques globais de suco de laranja. Segundo análise do Cepea, mesmo com a recuperação prevista na produção para a temporada 2025/26, os níveis de oferta permanecem reduzidos. Esse cenário mantém o mercado em alerta quanto à necessidade de equilíbrio entre oferta e demanda, especialmente para garantir a estabilidade nos preços internacionais do suco concentrado congelado (FCOJ).
Entre julho de 2024 e abril de 2025, o Brasil exportou 21,7% menos em volume de suco de laranja (FCOJ equivalente), em comparação ao mesmo período anterior. Apesar disso, a receita cresceu 36,7%, impulsionada por preços internacionais historicamente elevados.
O setor, no entanto, enfrenta desafios adicionais, como o aumento de 10% na tarifa de exportação aplicada pelos Estados Unidos ao produto brasileiro – uma barreira que não atinge o México, principal concorrente do Brasil no mercado norte-americano.
Durante a Expocitros, Renato Garcia destacou que os custos de implantação e manutenção dos pomares registraram alta em 2025, o que pressiona as margens dos citricultores. A sustentabilidade econômica da atividade dependerá da manutenção de preços remuneradores, da adoção de tecnologias de irrigação e manejo intensivo, e da mitigação dos riscos relacionados ao greening (HLB), doença que ainda representa uma das principais ameaças à produção.
Encerrando a apresentação, os pesquisadores reforçaram a importância de sistemas produtivos mais resilientes frente às oscilações de mercado e às adversidades climáticas. Entre as principais recomendações estão o controle efetivo do HLB, o uso racional e eficiente da irrigação, o adensamento de pomares, a melhoria na logística de colheita e a gestão profissional dos custos de produção e da produtividade.