“Poderíamos estar em um bunker neste momento”. Com essas palavras, o prefeito de São Vicente, Kayo Amado (Podemos), descreveu a tensão vivida ao saber do cancelamento da missão diplomática a Israel. Ele e outros prefeitos ficaram retidos na noite de quinta-feira (12), após o agravamento do conflito no Oriente Médio.
Liderada pelo vice-governador Felício Ramuth (PSD), a missão visava aproximar São Paulo de iniciativas inovadoras e soluções urbanas em Israel. Para Kayo a viagem representava também uma chance de destacar São Vicente no cenário estadual e internacional, além de buscar melhorias para a cidade.
“Receber esse convite, essa missão oficial de representar o Governo do Estado junto com o vice-governador do Estado de São Paulo numa visita técnica ali, conhecendo fábricas, empresas, entidades governamentais ali de Israel. E esse é aquele tipo de momento, aquele tipo de situação que. É raro, não acontece várias vezes”, relatou.
O prefeito estava em Barcelona, na Espanha, onde faria uma conexão para Tel Aviv, quando recebeu a notícia dos bombardeios e do fechamento dos aeroportos israelenses. “Por apenas seis horas, eu não estava em meio a essa tragédia. Foi um livramento, sem dúvida”, revelou em transmissão ao vivo, na manhã desta sexta (13).
Voo cancelado
Kayo chegou a Barcelona por volta de 4h, no Horário de Brasília. Logo após receber as notícias, viu que os voos para Israel estavam cancelados e foi informado oficialmente sobre a suspensão da missão. Após sete horas de incerteza e mudanças de última hora, conseguiu reorganizar sua passagem de retorno para o Brasil.
Conforme apurado pelo VTV News, Kayo Amado foi um dos sete prefeitos escolhidos no Estado de São Paulo para compor a comitiva, e ressaltou que o convite foi feito pelo próprio vice-governador. A missão aconteceria entre os dias 12 e 20 de junho.
Em entrevista à VTV, afiliada do SBT, o gestor informou que algumas autoridades estavam indo com conexão por Paris, outras por Madrid, e outras já estavam a caminho, tendo voos desviados. “Era uma oportunidade ímpar de passar ali uma semana com o vice-governador do Estado, sensibilizá-lo de questões de São Vicente”, afirmou.
‘Livramento de Deus’
Além de questões profissionais, Kayo revelou um motivo pessoal para a viagem. Seu avô, judeu, sonhava em conhecer Israel, mas não teve a oportunidade antes de falecer. “Eu me sentia também nessa missão de realizar um trabalho. Sonho dele. E isso seria muito especial também”.
Apesar disso, para ele, o maior dos dilemas enfrentados ao decidir viajar foi deixar a filha recém-nascida em casa. “Estou com uma recém-nascida em casa, mas conversando muito com a minha esposa, a gente chegou na reflexão que era uma oportunidade ímpar”. Ele deve chegar a São Vicente, na Baixada Santista, no sábado (14).
Mesmo abalado, o prefeito demonstrou gratidão por estar seguro e poder retornar à sua cidade. Ele concluiu reforçando o desejo de retomar sua rotina e ficar com a família. “Graças a Deus, é o que eu mais quero, voltar pra minha casa, pra minha família, ficar em paz”, afirmou.
Como, quando e por que Israel atacou o Irã? Entenda
Instalações nucleares e fábricas de mísseis foram atingidas durante uma ofensiva militar contra o Irã. Entre as vítimas dos ataques aéreos estão dois altos líderes militares: o general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e Hossein Salami, comandante da Guarda Revolucionária.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) informaram que a operação envolveu cerca de 200 aeronaves e atingiu mais de 100 alvos estratégicos. O principal alvo foi a instalação nuclear de Natanz – o maior centro de enriquecimento de urânio do Irã. Civis, incluindo crianças, também foram mortos, e o Irã anunciou que haverá retaliação.
Blood for blood.
— Iran Military (@IRIran_Military) June 13, 2025
Nos últimos meses, forças e grupos aliados ao Irã na região, como Hezbollah, Hamas e Jihad Islâmica, sofreram diversas perdas em confrontos diretos com Israel. Internamente, o País enfrenta sanções econômicas impostas por potências ocidentais, além de manifestações populares esporádicas desde 2022.
As operações militares israelenses incluíram bombardeios em Gaza, Cisjordânia, sul do Líbano e Síria para impedir o avanço do programa nuclear iraniano. Autoridades norte-americanas, entretanto, afirmam que o Irã não está atualmente construindo uma bomba nuclear e que seu programa de armas foi suspenso em 2003.