A 40ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Bragança Paulista, realizada na última terça-feira (4), foi marcada por um embate entre os vereadores Ismael Brasilino e Gabriel Gomes Curió, após a denúncia de um suposto furto de pudim na Copa da Presidência da Casa Legislativa.
Durante o uso da palavra, Ismael afirmou que foi informado por servidores sobre o desaparecimento de comida no local e solicitou à Mesa Diretora que imagens das câmeras de segurança dos últimos 20 dias sejam encaminhadas para apuração. Classificou o caso como “falta de respeito com os colaboradores” e cobrou providências formais por parte da Presidência.
Gabriel Gomes reagiu dizendo que não houve furto, mas sim uma “brincadeira” com um funcionário da Câmara. “Se tem uma coisa que eu não sou, é omisso, e nunca fui covarde. Brasilino, fui eu. E não foi furto”, afirmou.
O vereador declarou ainda que conversou com o servidor envolvido e minimizou o episódio, reforçando que não teria havido má-fé.
Tensão no plenário e ofensas pessoais
A situação se agravou quando Ismael questionou se o servidor teria considerado respeitosa a conduta. A troca de falas se intensificou e Gabriel proferiu a expressão “plzinho de bosta” contra o colega. Diante da escalada, o presidente da Câmara, Tião do Fórum, interveio pedindo respeito entre os parlamentares, lembrando que havia servidores e mulheres presentes no plenário naquele momento.
Em resposta à ofensa, Ismael solicitou que fosse feito um requerimento de repúdio à fala de Gabriel e reiterou o pedido para que as gravações do circuito interno sejam disponibilizadas. Também sugeriu que, caso se comprove a conduta, o episódio seja analisado por uma Comissão de Ética da Casa.
Pronunciamento público e bastidores
Nas redes sociais, Gabriel Gomes se manifestou sobre o caso. Em tom conciliador, disse: “Hoje vou errar. Pessoas erram. Os grandes também erram, e hoje foi o meu dia de errar. Na discussão na Câmara acabei cometendo excessos”. O vereador pediu desculpas ao colega Brasilino por meio de suas redes sociais.
A reportagem procurou o vereador, que narrou detalhes do episódio, e afirmou se tratar de um impasse de teor político: “uma vez que senti a minha honra ameaçada, porém não da maneira como o vereador [Ismael] estava falando. Por isso me estressei. Meu erro foi ter cometido os deslizes, e diante disso pedi desculpas.”
Curió, entretanto, comentou ao VTVNews que o colega tem “coragem para fiscalizar um pudim, mas quando é para fiscalizar uma obra ou o direito do povo, não tem a mesma valentia, e é triste, pois as pessoas merecem respeito”. Ele finalizou dizendo que fica chateado com a atitude do colega em usar o parlamento para potencializar um ataque ao adversário político.
Já Ismael se pronunciou para a reportagem, afirmando que: “como ele pediu desculpas pelas falas ofensivas dele, por mim não tem mais questão sobre o caso”, mas reforçou a “pura maldade” das brincadeiras.
Já nos bastidores, segundo interlocutores da própria Câmara, o episódio ganhou repercussão entre os servidores, que relataram à reportagem que a tal “brincadeira” tomou tons de mau gosto, e inclusive foi colocada uma placa na geladeira alertando sobre a possibilidade de que alimentos possam conter laxantes.
De acordo com essas fontes, há relatos de que alguns parlamentares estariam consumindo alimentos que os servidores usam para complementar renda por meio de vendas internas — o que ampliou o mal-estar e gerou críticas à postura de parte dos vereadores envolvidos.
