A construção do túnel submerso que vai ligar Santos ao Guarujá voltou a ser tema de debate na Câmara dos Deputados. A Comissão de Viação e Transportes realizou, nesta quarta-feira (15), uma audiência pública para discutir os impactos da obra e as medidas que devem ser adotadas para reduzir transtornos durante e após a execução do projeto.
O encontro foi proposto pelo deputado Leônidas Cristino (PDT–CE), membro da Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos (FPPA), e reuniu parlamentares, prefeitos e representantes do setor portuário. O objetivo foi debater os custos, benefícios e desafios da construção — que será executada pela empresa portuguesa Mota-Engil, vencedora do leilão realizado em setembro. A concessionária vai construir e operar o túnel por 30 anos.
“Vamos fazer uma análise aqui muito de perto as questões expostas diante de uma obra de tal envergadura e também fazer com que a gente possa cada vez mais tirar uma coisa positiva dessa audiência pública. Essas audiências públicas que eu tô idealizando nos últimos tempos é justamente para que a gente possa entender o sistema viário brasileiro”, afirmou Leônidas Cristino, ao defender a importância do debate.

Atualmente, cerca de 25 mil veículos cruzam o canal diariamente pela travessia de balsas — considerada a maior do mundo em volume de automóveis. Com o túnel, parte desse tráfego será transferida para a ligação submersa, reduzindo o tempo de deslocamento e o impacto nas vias locais.
“É muito importante que a gente possa discutir aqui na Câmara, para principalmente garantir que a obra seja executada, para que as etapas e os obstáculos sejam superados e que nós consigamos, de forma conjunta e harmônica, realizar essa obra que vai ser um marco para a engenharia brasileira. Ela vai melhorar a competitividade do maior porto da América Latina e transformar a região da Baixada Santista”, destacou o deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB–SP), que também integra a Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos.

O prefeito de Santos, Rogério Santos, expressou preocupação com os impactos locais no trânsito e defendeu a inclusão dos municípios nas decisões do contrato.
“Embora a balsa permaneça, é importante que ela permaneça, mas vai diminuir e muito o tráfego ali no bairro da Ponta da Praia e mudar o eixo para o bairro do Macuco. E com isso, outras avenidas e ruas terão impacto maior. Solicitamos dentro desse contrato que sejam feitos estudos de mobilidade urbana e obras de adequação às vias que serão afetadas”, explicou.
Durante a audiência, parlamentares destacaram que a prioridade é garantir transparência, segurança e participação dos municípios no acompanhamento das etapas do projeto. A próxima reunião deve reunir representantes do Ministério de Portos e Aeroportos, da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e das prefeituras de Santos e Guarujá para detalhar o cronograma e as medidas de mitigação dos impactos ambientais e urbanos.