Começou neste domingo (6), no Rio de Janeiro, a Cúpula de Líderes do BRICS com a participação de delegações de mais de trinta países, entre membros do bloco e convidados internacionais. O evento, conduzido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consolidou o novo arranjo multilateral do grupo, agora ampliado com integrantes como Irã, Arábia Saudita, Egito e Etiópia.
Apesar da adesão de novos países, duas ausências de peso chamam atenção: o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O primeiro foi substituído pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang. Já Putin participa da cúpula por videoconferência, em razão do mandado de prisão expedido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil é signatário. O chanceler russo, Sergei Lavrov, representa o país presencialmente.
A ausência de Xi Jinping é vista como fator limitador para algumas ambições do governo brasileiro, que buscava alinhar pautas de investimento e cooperação com a liderança chinesa. Ainda assim, a presença do premiê Li Qiang reforça a interlocução bilateral.
Com Putin impedido de viajar ao Brasil, a participação russa se dá de maneira remota, em meio a tensões internacionais decorrentes da guerra na Ucrânia.

Autoridades presentes
Além do Brasil, China, Rússia dentre os 11 líderes das maiores economias emergentes do mundo, destacam-se também:
- Primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi;
- Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa;
- Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed;
- Presidente da Indonésia, Prabowo Subianto.
Também participam o primeiro-ministro do Egito, Mustafa Madbouly, e o príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, Khalid bin Mohamed bin Zayed.
O Irã, que ingressou no bloco recentemente, é representado pelo ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi. A Arábia Saudita enviou o príncipe Faisal bin Farhan Al-Saud, que comanda a diplomacia saudita desde 2019.
A nova configuração do BRICS dá contornos geopolíticos distintos à cúpula de 2025, seja pela guerra no leste Europeu ou a escalada dos conflitos entre Irã e Israel. Os chefes de Estado e representantes discutem o papel do bloco diante dos conflitos globais, da governança multilateral e da reorganização econômica internacional.
O perfil dos representantes
Li Qiang, representante da China no encontro, ocupa o segundo posto mais alto do país, atrás apenas de Xi Jinping, e integra o Comitê Permanente do Partido Comunista Chinês. Já Lavrov, figura recorrente da diplomacia russa desde os anos 1990, acumula participações em fóruns multilaterais e articulações de Moscou diante das sanções internacionais.

Do lado indiano, Modi consolida seu protagonismo como líder reeleito de uma das economias emergentes mais relevantes do globo. Ramaphosa, por sua vez, participa após sua recondução à presidência sul-africana, tendo sido um dos articuladores da nova Constituição democrática de seu país.
Abiy Ahmed, laureado com o Nobel da Paz em 2019, marca presença em meio à reaproximação diplomática com a comunidade internacional após o conflito interno na região do Tigré. O egípcio Madbouly, com trajetória técnica e foco em urbanização, também integra os debates com uma visão voltada ao desenvolvimento territorial.
O presidente indonésio, Prabowo Subianto, ex-ministro da Defesa e ex-general, representa a maior nação muçulmana do mundo e reforça os laços do país com a agenda global. O príncipe Khalid bin Mohamed, herdeiro de Abu Dhabi, desponta como figura estratégica na política externa dos Emirados Árabes Unidos, com passagens por instituições militares e diplomáticas.
Convidados internacionais
A lista de convidados extrapola os países-membros do BRICS. Estão presentes chefes de Estado ou representantes de Belarus, Bolívia, Cuba, Chile, Colômbia, Cazaquistão, México, Palestina, Turquia, Uruguai, Vietnã, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uzbequistão, Uganda e Quênia. O Brasil também recebe delegações de organismos multilaterais como ONU, OMS, CAF, AIIB e o Novo Banco de Desenvolvimento, presidido por Dilma Rousseff.
Entre os destaques, figuram o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. Pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), o embaixador colombiano Guillermo Rivera marca presença. Angola participa como representante da União Africana, e a Malásia atua como porta-voz da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
/Com informações da Reuters e Estadão