A insegurança alimentar grave caiu para 3,2% dos lares brasileiros em 2024, o menor índice já registrado desde o início da série histórica do IBGE, em 2004. O dado faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), divulgada nesta sexta-feira (10). Segundo o levantamento, 6,4 milhões de pessoas ainda convivem com a fome no país.
Insegurança alimentar grave: queda de quase 20% em um ano
Entre 2023 e 2024, 624 mil famílias deixaram de passar fome, uma redução de 19,9%. O número de domicílios em situação de insegurança alimentar grave passou de 3,1 milhões para 2,5 milhões. Considerando todos os níveis, leve, moderado e grave, o total de lares com restrição alimentar caiu de 27,6% para 24,2%.
Melhora na renda e impacto dos programas sociais
De acordo com a pesquisadora do IBGE Maria Lucia Vieira, a melhora nos indicadores está ligada ao aumento da renda e à ampliação de programas sociais, como o Bolsa Família e ações voltadas à alimentação escolar.
Além do avanço do emprego, políticas públicas de transferência de renda ajudaram famílias a sair da insegurança alimentar grave, reforçando o impacto das ações sociais no combate à fome.
Desigualdade ainda preocupa
Apesar da melhora geral, os dados mostram que famílias chefiadas por mulheres e pessoas negras seguem como as mais afetadas. Entre os domicílios com algum grau de insegurança alimentar, 70,4% têm responsáveis negros e 59,9% são liderados por mulheres.
As regiões Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) continuam concentrando os maiores índices. No Sul e Sudeste, a situação é mais favorável, mas ainda há bolsões de vulnerabilidade, especialmente em áreas rurais.
Brasil fora do Mapa da Fome, mas desafios continuam
Com a redução da insegurança alimentar grave, o Brasil voltou a ficar fora do Mapa da Fome da ONU, que inclui países com mais de 2,5% da população em situação de subalimentação crônica.
Mesmo assim, o desafio permanece: um em cada quatro lares ainda enfrenta algum tipo de restrição alimentar. O governo federal afirma que políticas de geração de renda e combate à pobreza continuam sendo prioridade para eliminar a fome no país.
*Com informações da Agência Brasil