Uma ciclista, de 37 anos, sofreu um traumatismo cranioencefálico grave e precisou ser entubada após ser atropelada por uma charrete na praia de Itanhaém, na Baixada Santista. Thalita Danielle Hoshino foi internada no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, após o acidente, ocorrido na manhã do último domingo (23).
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o condutor da charrete alegou que não percebeu a aproximação da ciclista, atingindo-a enquanto ela passava em frente ao veículo. O acidente ocorreu por volta de 11h55, na Praia da Gaivota, na altura da Avenida Santa Cruz – área frequentada por esportistas e banhistas.
“Eu estava com ela, mas um pouco afastada, quando vi dois carros e duas charretes vindo em nossa direção”, contou Gabriela Neves, 24, amiga de Thalita, à VTV, afiliada do SBT. “Gritei para ela tomar cuidado com o carro, mas a charrete acabou a atropelando. Eles estavam apostando corrida, muito rápido, uns 80 km/h”.
Nas imagens obtidas pelo VTV News, é possível ver Thalita andando de bicicleta com a amiga segundos antes do acidente. Segundo Gabriela, que testemunhou o atropelamento, o condutor da charrete estava apostando corrida.
Atropelamento foi registrado como ‘lesão corporal’
Após o atropelamento, o advogado do condutor da charrete socorreu a vítima e a levou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itanhaém. De acordo com a Prefeitura, Thalita foi submetida a uma intubação orotraqueal (IOT), procedimento médico que visa estabelecer o controle da via aérea.
Devido à gravidade do quadro, a Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross) transferiu-a ao Hospital Irmã Dulce às 12h30. Gabriela acompanhou todo o processo e ajudou nos primeiros socorros.
“Peguei ela no colo, verifiquei os sinais vitais e fiquei com ela o tempo todo. Foi desesperador, porque trabalho nessa área e nunca pensei que veria uma amiga assim. Agora ela está em coma induzido, perdeu parte dos ossos da face e a visão do olho direito”, relatou.
A Delegacia Seccional de Itanhaém registrou o caso como lesão corporal, mas a situação revoltou a família. “Nós nunca imaginamos que um passeio de bicicleta acabaria em tragédia. Não conseguimos entender tamanha irresponsabilidade e covardia”, desabafou Yuri Henrique, irmão da vítima.
Continua após a publicidade
Família aguarda recuperação e relata impacto após atropelamento de charrete
À reportagem, Yuri afirmou que a prioridade da família é a recuperação de Thalita. “Estamos focados em torcer para que ela melhore logo. Depois disso, vamos buscar justiça. Algo tão grave como isso não pode ficar impune, precisamos de respostas e medidas contra essa injustiça”.
Gabriela também ressaltou a gravidade da situação e o impacto emocional. “Foi muito difícil ver minha amiga naquele estado. Ela não teve lesão cerebral, mas perdeu massa encefálica. A cena foi chocante, e só ouvia o barulho alto da batida antes de encontrá-la caída no chão”.
Natural de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Thalita é conhecida por frequentar o litoral para passeios de bicicleta com amigos. Em nota, a Prefeitura de Itanhaém afirmou que corridas de charretes em áreas públicas são proibidas e informou que a investigação sobre o caso está em andamento.
O que é traumatismo cranioencefálico?
O traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma lesão grave causada por impacto no crânio, podendo afetar o cérebro e causar sangramentos, edemas e coágulos. Segundo o Dr. Rodrigo Rocha, cirurgião do trauma no Hospital Brasília, “os acidentes automobilísticos são os principais causadores do quadro entre adultos, enquanto quedas em casa predominam entre crianças e idosos”.
A gravidade do TCE pode colocar a vida do paciente em risco, demandando atendimento imediato. Os sintomas variam de dor de cabeça persistente e desmaio a confusão mental, perda de visão e vômito. Em casos severos, podem ocorrer sequelas como convulsões, déficits cognitivos e distúrbios de movimento. Rocha destaca que “as repercussões nem sempre são imediatas, podendo persistir ao longo da vida”.
O tratamento depende da complexidade da lesão e pode incluir sutura e repouso em casos leves ou intervenções cirúrgicas em quadros graves. “Neurologistas avaliam exames como tomografia para determinar a extensão dos ferimentos, e, em situações críticas, equipes multidisciplinares são envolvidas”, explica. Contudo, a rapidez no socorro é fundamental para melhorar o prognóstico do paciente.