Febre, náuseas, vômitos e diarreia estão entre os principais sintomas que levaram centenas de pessoas aos serviços de saúde em plena alta temporada, no litoral de São Paulo. O motivo: um surto de virose, que tem mobilizado moradores e turistas, com destaque para o Guarujá, onde os casos dispararam nas últimas semanas.
Em nota, a administração municipal informou o VTV News que 2.064 atendimentos relacionados a viroses foram realizados em dezembro. As altas temperaturas, somadas à aglomeração típica da temporada e à manipulação inadequada de alimentos, são apontadas como as principais causas do aumento dos casos.
Para minimizar os impactos, a Prefeitura ampliou o horário de três Unidades de Saúde da Família até o dia 5 de janeiro. Localizadas nos bairros Cidade Atlântica, Jardim dos Pássaros e Vila Rã, essas unidades funcionam das 7h às 22h, enquanto as UPAs e Pronto-Socorros mantêm atendimento 24 horas.
Bertioga
Em Bertioga, o Instituto Nacional de Técnologia e Saúde (INTS), responsável pela gestão do Hospital Municipal, registrou crescimento nos casos de diarreia durante o mês de dezembro. Entre 01 e 07 de dezembro de 2024, foram contabilizados 55 casos, número que subiu para 65 na semana seguinte, de 08 a 14 de dezembro.
O pico ocorreu entre 22 e 31 de dezembro, quando o município registrou 115 casos de diarreia.
Mongaguá
Já em Mongaguá, desde o início de dezembro de 2024, houve um aumento nos atendimentos nas unidades de saúde, com destaque para o PS Central e o Hospital, que registraram 10% e 15% mais casos, respectivamente.
Para a Prefeitura, o aumento de atendimentos é atribuído ao grande fluxo de turistas que visitam o município durante a temporada de verão. A principal causa dos atendimentos é a desinteria [diarreia com sangue], um dos sintomas mais comuns da virose, que afeta tanto moradores quanto visitantes da cidade.
Praia Grande
A Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande esclareceu que, apesar do aumento no número de turistas durante as festas de fim de ano, não houve registro de aumento expressivo nos casos de virose. No entanto, o município continua atento à situação e monitora de perto as unidades de saúde.
Os técnicos da Sesap reforçaram o acompanhamento nas unidades de Urgência e Emergência, especialmente durante a temporada de verão. A cidade, que recebe uma grande quantidade de turistas nesta época, permanece vigilante quanto ao impacto da virose nas condições de saúde pública.
Santos
Em novembro de 2024, foram contabilizados 2.147 atendimentos, número que aumentou para 2.264 em dezembro. Já em janeiro de 2025, até o momento, 273 atendimentos foram realizados, segundo a Secretaria de Saúde de Santos.
A pasta também informou que as viroses, comumente associadas ao trato gastrointestinal [sistema digestivo], não exigem notificação obrigatória ao Ministério da Saúde (MS). Por isso, os atendimentos registrados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade podem envolver tanto moradores locais quanto turistas.
Em razão do aumento de casos, o Departamento de Vigilância em Saúde de Santos orienta cuidados essenciais para prevenir as viroses, como lavar bem as mãos antes de comer e após o uso do banheiro. Além disso, recomenda-se a lavagem adequada de frutas e verduras e a refrigeração adequada dos alimentos.
Turistas relatam casos de virose no litoral de São Paulo
Nas redes sociais, hashtags como #Guarujá, #virose e #praia ganharam destaque, acompanhadas por relatos preocupantes. Um deles, da influenciadora Mariah da L.A., contou que, em uma viagem com 34 pessoas, oito ficaram doentes, com sintomas típicos da virose.
Já o influenciador Oh Magrão também compartilhou sua experiência, afirmando que desenvolveu os sintomas após um único mergulho no mar. Além disso, destacou a falta de medicamentos em farmácias, agravando o desconforto de quem busca alívio.
Um outro vídeo do perfil “Papo com Clebinho” viralizou ao mostrar a UPA da Enseada, no Guarujá, lotada e com filas extensas. Nos comentários, relatos apontavam para problemas como esgoto no mar e um odor desagradável. Uma mãe descreveu como sua bebê ficou doente mesmo sem ter ido à praia, sugerindo que o surto pôde estar relacionado à qualidade da água e do ar.
A turista Elisângela Pacola, por sua vez, registrou a farmácia lotada enquanto buscava medicamentos para o estômago. “Vim passar a virada no Guarujá, mas a farmácia está mais cheia do que a praia”, comentou em vídeo.
@elisangelapacola2 #praiaguaruja ♬ som original – elisangelapacola2
O que diz a Secretaria Estadual de Saúde?
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) informou acompanhar de perto a situação da Baixada Santista, oferecendo orientações para prevenir doenças transmitidas por água e alimentos (DTAs). A SES destaca a importância de cuidados durante períodos festivos e de altas temperaturas, quando os casos de diarreia aguda tendem a aumentar.
A população é alertada sobre os riscos de contaminação, especialmente nas praias e ao consumir alimentos fora de casa. As DTAs podem ser transmitidas por fezes humanas, animais ou por ambientes contaminados, com sintomas como diarreia, dor abdominal, febre e náuseas.
Os principais agentes causadores das doenças diarreicas incluem vírus como o rotavírus e o norovírus, além de bactérias como Escherichia coli, Salmonella e Shigella. O cuidado com a alimentação e a higiene é fundamental para prevenir essas enfermidades.
A SES-SP orienta para evitar alimentos mal cozidos e manter os alimentos bem refrigerados, com atenção às temperaturas dos supermercados. Além disso, recomenda levar lanches próprios para passeios e verificar a higiene de lanchonetes e quiosques.
Por fim, a recomendação é lavar as mãos antes de se alimentar, ter atenção com comidas em ‘self-service’ e sempre beber água filtrada para reduzir os riscos de contaminação.
O que diz a Sabesp?
Em nota ao VTV News, a Sabesp informou que não houve ocorrência que tenha alterado a qualidade da água fornecida na Baixada Santista. E não houve registro desta situação nos canais de atendimento aos clientes da Companhia.
De acordo com a companhia, todas as etapas do sistema de abastecimento estão sendo monitoradas para garantir a qualidade da água distribuída, atendendo aos parâmetros previstos pelo Ministério da Saúde: desde o manancial, passando pelas estações de tratamento, sistema de distribuição, até o cavalete na entrada do imóvel dos clientes.
Para manter a qualidade da água consumida nos imóveis, é essencial que a caixa-d’água esteja limpa e devidamente tampada. O morador deve providenciar esta limpeza a cada seis meses.
Ao perceber qualquer alteração, é importante que o consumidor entre em contato imediatamente pelos canais oficiais da Companhia, fornecendo o endereço completo do imóvel (incluindo rua e numeração), para que as vistorias e coleta para análise sejam realizadas.
Os clientes podem entrar em contato, durante 24 horas, gratuitamente pelo telefone 0800 055 0195, pelo WhatsApp oficial no número (11) 3388-8000 (mensagens de texto) ou na Agência Virtual: https://agenciavirtual.sabesp.com.br
Afinal, o que é a virose?
De acordo com o Tua Saúde, a virose é uma infecção causada por vírus que afeta principalmente o trato gastrointestinal ou as vias respiratórias. Os sintomas comuns incluem febre, diarreia, náuseas, vômitos, dor de cabeça e mal-estar geral. Geralmente, a doença tem curta duração, em até 10 dias.
A transmissão ocorre pelo contato com pessoas infectadas, superfícies contaminadas ou ingestão de alimentos e água contaminados. A falta de higiene adequada, como não lavar as mãos regularmente, aumenta o risco de contágio. Entretanto, crianças são mais suscetíveis devido ao sistema imunológico em desenvolvimento.
O diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas apresentados e, em casos suspeitos de infecções virais mais graves, podem ser solicitados exames laboratoriais específicos.
Litoral de São Paulo tem praias impróprias para banho
O aumento nos casos de virose no Guarujá levanta suspeitas sobre a possível contaminação da água nas praias do litoral paulista. De acordo com um relatório da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB), 38 praias da região litorânea estão impróprias para banho. O levantamento foi atualizado na quinta-feira (2).
A CETESB realiza a análise semanal da balneabilidade das praias com base na quantidade de bactérias presentes na água. Quando há mais de 100 colônias de bactérias a cada 100 mililitros de água, o local é sinalizado com bandeira vermelha – o que indica risco para a saúde dos banhistas. Confira a relação na Baixada Santista:
- Perequê
- Enseada – Av. Santa Maria
- Sonho
- Jardim Regina
- Central
- Vera Cruz
- Santa Eugênia
- Aviação
- Vila Tupy
- Vila Mirim
- Maracanã
- Real
- Flórida
- Ponta da Praia
- Aparecida
- Embaré
- Boqueirão
- Gonzaga
- José Menino – R. Olavo Bilac
- José Menino – Av. Frederico Ozanan
- Milionários
- Gonzaguinha