A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES) reuniu, nesta segunda-feira (6), representantes dos nove municípios da Baixada Santista para alinhar estratégias de enfrentamento ao surto de gastroenterocolite aguda. O objetivo foi organizar notificações, coletas de amostras e medidas preventivas diante do aumento de casos registrados na região, que antes eram tidos como virose.
Regiane de Paula, coordenadora da Coordenadoria de Controle de Doenças da SES, esclareceu que ainda não é possível determinar a causa exata do surto. “Estamos tratando de uma gastroenterocolite aguda, mas ainda investigamos se a origem é viral, bacteriana ou parasitária”, afirmou.
Durante o encontro, que aconteceu no Departamento Regional de Saúde, no bairro Boqueirão, em Santos, foi reforçada a importância do alinhamento das informações entre os municípios. “Estamos trabalhando para consolidar dados sobre notificações, organizar o fluxo de informações e garantir a coleta adequada de amostras, que serão analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz”, explicou Regiane à VTV, afiliada do SBT na Baixada Santista.
Gastroenterocolite na Baixada Santista
De acordo com a profissional, sintomas da gastroenterocolite incluem diarreia e vômito, com possibilidade de febre. O maior risco, no entanto, é a desidratação, especialmente em crianças, idosos e pessoas com condições de saúde fragilizadas.
Regiane destacou que o consumo de alimentos em locais de procedência duvidosa pode aumentar o risco de contaminação. “É fundamental reforçar a higienização das mãos, o uso de álcool em gel e evitar alimentos de origem desconhecida, principalmente na praia”, orientou.
O Instituto Adolfo Lutz, referência no Estado, é responsável por analisar as amostras coletadas nos municípios. Segundo Regiane, o tempo de análise pode variar conforme o agente etiológico. “Resultados para vírus podem ser mais rápidos, mas para bactérias, o processo pode levar mais tempo”, explicou.
As equipes de vigilância epidemiológica também foram orientadas a intensificar as ações de prevenção.
População busca respostas sobre surto no litoral de São Paulo
Apesar das dificuldades, a Secretaria Estadual de Saúde garantiu que está empenhada em fornecer respostas rápidas e precisas à população. “Trabalhamos em conjunto com vigilâncias municipais e estaduais para identificar a origem do surto e estabelecer medidas eficazes”, reforçou Regiane.
Sobre relatos de vazamentos de esgoto que poderiam estar relacionados ao surto, Regiane afirmou que essa hipótese está sendo investigada. A Prefeitura de Guarujá mencionou extravasamento de esgoto clandestino no mar como possível fator contribuinte.
Por outro lado, a Sabesp, responsável pelo saneamento na região, afirmou que não foram encontrados problemas na rede de esgoto. Em nota, a companhia garantiu que “o surto de gastroenterocolite não tem relação com a operação da empresa”.
A coordenação também ressaltou que o verão e as altas temperaturas contribuem para o aumento de casos de doenças transmitidas por água e alimentos. “Essas condições favorecem o crescimento de agentes patogênicos, aumentando a necessidade de cuidados preventivos”, explicou Regiane.
Cuidados sobre a gastroenterocolite aguda
O encontro entre os municípios discutiu estratégias para orientar a população sobre a gastroenterocolite aguda. “Nossa prioridade é oferecer informações claras e acessíveis sobre os sintomas, a prevenção e o tratamento”, afirmou Regiane de Paula, coordenadora da pasta. A reunião também buscou alinhar os esforços entre os municípios para garantir um atendimento eficiente.
A coordenadora destacou a importância da hidratação constante e da busca por atendimento médico em casos graves. “A desidratação pode ser perigosa, e o atendimento médico é crucial para evitar complicações”, alertou Regiane. A preocupação com a saúde da população e a prevenção de agravamentos foi central nas orientações.
Ainda segundo a pasta, as principais características das Doenças Transmitidas por Água e Alimentos (DTAs) incluem diarreia, mal-estar geral, dor abdominal, náusea, vômito e febre. Entre os agentes causadores mais comuns estão os enterovírus, como rotavírus e norovírus, e as bactérias, como Salmonella e Escherichia coli.
Sobre os prazos para os resultados das análises, Regiane informou que eles podem levar até dez dias, dependendo do patógeno. “Estamos trabalhando para entregar respostas no menor tempo possível, mas sem comprometer a qualidade das análises”, afirmou. A coordenadora também ressaltou a importância da higiene pessoal e alimentar para evitar a propagação da doença.
Orientações para evitar contaminação de Gastroenterocolite
- Não entre na água da praia se ela estiver classificada como imprópria pela Cetesb e evite banhos de mar 24 horas após as chuvas;
- Evite alimentos mal cozidos;
- Mantenha os alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados onde os alimentos ficam acondicionados;
- Leve seus próprios lanches em passeios, corretamente armazenados;
- Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques;
- Lave as mãos antes de se alimentar ou preparar alimentos;
- Beba sempre água filtrada;
- Em caso de diarreia, intensifique a hidratação e se necessário, busque atendimento médico.
Baixada Santista tem 22 praias impróprias para banho; todas de Santos estão
O recente boletim de balneabilidade da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) revela que as sete praias de Santos estão impróprias para banho. A cidade é a única da Baixada Santista com bandeira vermelha em todas as suas praias – o que alerta para a qualidade da água na região.
Confira a situação por cidade:
- Bertioga: todas próprias
- Cubatão: Rio Perequê está próprio
- Guarujá: duas praias impróprias (Perequê e Enseada no trecho da Av. Santa Maria)
- Itanhaém: duas impróprias (Sonho e Balneário Jardim Regina)
- Mongaguá: três impróprias (Central, Vera Cruz e Santa Eugênia)
- Peruíbe: todas próprias
- Praia Grande: seis impróprias (Aviação, Vila Tupi, Vila Mirim, Maracanã, Jardim Real e Balneário Flórida)
- Santos: todas impróprias
- São Vicente: duas impróprias (Milionários e Gonzaguinha)
Como e quando começou o surto na Baixada Santista?
Febre, náuseas, vômitos e diarreia estiveram – e estão – entre os principais sintomas que levam centenas de pessoas aos serviços de saúde em plena alta temporada, no litoral de São Paulo. O surto tem mobilizado moradores e turistas, com destaque para o Guarujá, onde os casos dispararam nas últimas semanas.
Em nota, na última sexta (3), a administração municipal informou o VTV News que 2.064 atendimentos foram realizados em dezembro. As altas temperaturas, somadas à aglomeração típica da temporada e à manipulação inadequada de alimentos, são apontadas como as principais causas do aumento dos casos.
Desde dezembro, o aumento das ocorrências na região tem colocado pressão nas unidades de saúde, que estão operando no limite de sua capacidade, além de gerar falta de medicamentos nas farmácias para o tratamento dos sintomas.