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Projeto inédito no Brasil, Casa da Gestante acolhe 147 mulheres em oito anos

Serviço por meio de convênio entre Saúde e Instituto Padre Haroldo assiste mulheres em situação de vulnerabilidade em saúde
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Projeto inédito no Brasil, a Casa da Gestante, Puérperas e Bebês de Campinas acolheu 147 mulheres em situação de vulnerabilidade em saúde entre 2016 e 2023. O serviço funciona no Jardim Guanabara, por meio de convênio entre a Secretaria de Saúde e o Instituto Padre Haroldo, onde promove a atenção psicossocial e reúne atividades para o desenvolvimento de habilidades pessoais e sociais com mulheres e crianças, incluindo inserção na rede de serviços públicos, geração de renda, ampliação de repertório cultural, de lazer e esportivo.

Os atendimentos são referenciados por centros de saúde, Rede Mário Gatti, Consultório na Rua, Maternidade de Campinas, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Unicamp.

O propósito desta assistência abrange não somente mulheres gestantes e puérperas em situação de alta vulnerabilidade social, mas também em situação de dependência química.

Nº de mulheres acolhidas

  • 2016: 21
  • 2017: 14
  • 2018: 23
  • 2019: 7
  • 2020: 19
  • 2021: 21
  • 2022: 22
  • 2023: 20

A unidade dispõe de 20 vagas e todas estão ocupadas nesta semana. São seis puérperas, duas gestantes com mais dois leitos para os recém-nascidos, quatro crianças e seis bebês.

A médica Andrea Maria Campedelli Lopes, coordenadora técnica da Área da Criança e Adolescente de Campinas, destacou que o modelo da Casa da Gestante é pioneiro no Brasil e a estrutura já recebeu duas visitas realizadas por equipes do Ministério da Saúde.

“É um importante serviço no cuidado de gestantes e puérperas com risco em saúde para o exercício da maternagem, realizando um trabalho articulado na construção ou mesmo na reconstrução dos direitos básicos dessas mulheres enquanto indivíduos, desde conseguir seus documentos até a inserção no mercado de trabalho, além de um segmento pós-casa dessas mulheres e de seus filhos após o término do seu período na Casa. Também são garantidas as consultas de pré-natal, as consultas de puericultura, a vacinação das crianças, além das crianças terem garantidas também as inserções nas escolas”.


Qual a importância?

A presidente do Instituto Padre Haroldo, Lúcia Decot Sdoia, destacou a importância do serviço para garantir direitos de assistência às mulheres em situação de vulnerabilidade.

“É um serviço inovador que atende uma realidade social e de saúde complexa dos nossos tempos, as mulheres que estão grávidas, fazendo uso de substâncias e em situação de rua, portanto com altíssima vulnerabilidade, têm na Casa uma esperança. Antes da existência do serviço, elas ‘perdiam’ os filhos, como acontece em muitos lugares do Brasil. A partir da entrada, elas podem visualizar maneiras para sair desta condição e cuidar das crianças. Então, a Casa da Gestante atua na interrupção de um ciclo”, afirmou.

“Tem como recomeçar”

“A maternidade me ajudou a me tornar a mulher que sou”. Aos 25 anos, Helóisa* mantém serenidade ao explicar o esforço para se reencontrar consigo mesma e conseguir cuidar dos três filhos após vencer o vício em crack. Ela está na Casa da Gestante desde o segundo semestre de 2023 e ficará no local até dezembro para projetar objetivos.


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“Os meus planos são conseguir terminar meus estudos, fazer um curso e trabalhar aqui, porque eu gosto desse ambiente. Viver lá fora bem, com meus filhos, ter meu cantinho e viver em comunhão com as minhas irmãs e pais. Antes não era possível e agora sei que é”, contou emocionada, ao mostrar a tatuagem com iniciais dos nomes dos filhos no braço. Há ainda dois corações e uma rosa no peito para homenagear pais, irmãs e amigas da Casa.

Heloísa ingressou no serviço após dar à luz ao terceiro filho, em junho de 2023. Em seguida, a criança ficou internada por seis meses na UTI da Maternidade por causa de bronquiolite e complicações. Os dois primeiros filhos são um menino de 2 anos e uma menina de 6 anos.

A jovem lembra que teve oportunidade de ingressar na Casa à época da segunda gestação, mas não quis permanecer no local. Ela afirmou que o contato com as drogas foi influenciado pelo ex-companheiro e pai das crianças. “Tem como recomeçar. É só você se agarrar às oportunidades que a vida te dá. A primeira eu não abracei, se tivesse acho que estaria mais estruturada. Mas eu agradeço por estar aqui e para minha cabeça ser diferente. É só você querer e se afastar também das pessoas que não querem o seu bem”, afirmou.

Heloísa planeja fazer um curso de cuidadora para tentar trabalhar no local. “O que eu mais gosto aqui são o ateliê e os grupos. Dá mais ânimo pra gente viver aqui”, brincou, enquanto mostrava a confecção de um laço para mostrar que luta e esperança seguem conectadas.

*O nome verdadeiro da paciente foi trocado por Heloísa a pedido da entrevistada.

Sem fronteiras

A coordenadora da Casa, Vanessa Gaspar, destacou que o projeto terapêutico é individualizado e aplicado conforme as demandas de cada mulher e criança atendida. Ele abrange reaproximação, resgate de vínculos familiares e atendimento após saída do local.

“Há um acompanhamento da usuária e filhos por um período de até seis meses, com visitas domiciliares, atendimento on-line, discussão de casos e interface com equipamentos de saúde de Campinas e região. No último ano, algumas mulheres que estavam em situação de rua em Campinas e são originalmente de outros estados puderam resgatar vínculos com familiares e retornar para Minas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, destacou.

O orçamento previsto pelo SUS Municipal para a Casa neste ano é de quase R$ 1,5 milhão.

Atividades terapêuticas

  • Compartilhando potencialidades: troca de saberes, de forma a trabalhar aspectos relativos à autonomia e a descoberta de que todo mundo teria algo a compartilhar;
  • Estimulação infantil: desenvolver espaço lúdico e estimular a psicomotricidade dos bebês;
  • Construções coletivas: as moradoras se reúnem com a equipe para organizar demandas, construir coletivamente estratégias de cuidado e compartilhar as necessidades ou desejos com foco em protagonismo, autonomia e construção da grupalidade;
  • Ludicidade e práticas de desenvolvimento: encontro entre crianças de diferentes faixas etárias para favorecer a convivência, brincadeiras, criação de histórias, brinquedos e inventividade;
  • Mães e filhos: visa o encontro da mãe com filho e tem a brincadeira como estratégia terapêutica para facilitar a aproximação afetiva, promovendo e desenvolvendo habilidades socioemocionais para proporcionar outras formas de cuidado;
  • Ambiência: falar de forma descontraída sobre demandas no momento da realização do grupo e em geral associados aos conflitos existentes e relacionamentos;
  • Ateliê de oficinas manuais: potencializar o saber-fazer de cada mulher, ressignificando as histórias de vida das participantes ao favorecer a escuta e as expressões sobre a condição do feminino, violência de gênero, maternidade, trabalho, sonhos e desejos;
  • Geração de renda: aborda estratégias da economia solidária baseada nos princípios da reabilitação psicossocial e incentiva a realização de atividades ligadas ao trabalho, como direito, dispositivo de inclusão social e conquista de maior autonomia e cidadania;
  • Territorializando: conhecer espaços públicos e promover ampliação de repertório social, cultural, de lazer e esportivo;
  • Atividade grupal: promoção à saúde pelo estímulos de autocuidado e atividade física;
  • Terapia em grupo: processo terapêutico do qual participam várias pessoas, geralmente, com um problema semelhante. Ela se diferencia da terapia individual pelo fato de a última ter como principal foco o próprio paciente;
  • Grupos desenvolvimento da percepção sensorial, do senso estético e da imaginação: formas de detectar, analisar e transformar a realidade circundante, possibilitando processos criativos na busca de novas respostas e comportamentos.
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