Thibaut Courtois parecia prestes a sair de Anfield como o herói improvável da noite. O goleiro do Real Madrid defendeu tudo, chutes, cabeçadas e até o orgulho merengue, em uma exibição que beirava o sobre-humano. Mas o paredão belga, mesmo em noite inspirada, não resistiu à tempestade vermelha. O Liverpool foi tão dominante que o placar de 1 a 0 acabou parecendo gentil.
O roteiro lembrava a final da Champions de 2021/22: ingleses atacando sem parar, e o Real Madrid rezando em todas as línguas possíveis. A diferença é que, desta vez, não teve milagre de Vini Jr. e Courtois não pôde fazer nada quando Mac Allister apareceu livre na área para cabecear o gol da vitória.
O resultado deixou o Real estacionado nos 9 pontos, agora lado a lado com o Liverpool, que espanta a má fase e volta a sonhar com a vaga direta nas oitavas, depois de uma derrota amarga na Turquia e semanas de desconfiança.
Liverpool com fome de gol
O time de Arne Slot entrou em campo como quem não via um prato de gols há tempos. Antes da vitória sobre o Aston Villa no fim de semana, o Liverpool vinha de quatro tropeços seguidos. E o histórico recente contra o Real Madrid também não ajudava — derrotas nas finais de 2018 e 2022, e eliminação nas quartas de 2023. Hora de virar a página.
Logo nos primeiros minutos, o Liverpool já empurrava o Real para dentro da própria área. Os espanhóis, mais conservadores, apostavam num meio de campo congestionado e apenas Vini Jr. e Mbappé à frente. A tática era clara: segurar o rojão.
Só que Courtois começou a colecionar milagres. Defesas com o pé, voos cinematográficos, cortes de cabeça fora da área… parecia ter oito braços. O duelo com Szoboszlai virou um mini espetáculo à parte. O húngaro chutava de tudo quanto é jeito, e o belga respondia com reflexos de videogame.
O Real, por sua vez, quase não assustava. Vini até tentava algo pela esquerda, mas a marcação dupla do Liverpool o deixava encurralado. A melhor chance veio com Bellingham, que parou em defesa segura de Mamardashvili.
Aos 28 do primeiro tempo, um momento de tensão: Szoboszlai chutou forte, a bola bateu na mão de Tchouaméni dentro da área, e o VAR entrou em ação. Depois de longos minutos e muita indecisão, o juiz concluiu que o braço estava colado ao corpo. Nada de pênalti.
Gol, alívio e festa em Anfield
O segundo tempo começou com o Liverpool em modo rolo compressor. Van Dijk quase marcou, Ekitike também, e Courtois seguia negando tudo. Até que, em cobrança de falta milimétrica de Szoboszlai, Mac Allister subiu no terceiro andar e, de cabeça, finalmente venceu o goleiro. O VAR tentou estragar a festa, mas confirmou: 1 a 0, e explosão em Anfield.
Com o gol sofrido, Alonso (técnico do Real) lançou Rodrygo ao ataque e colocou o trio dos sonhos , Vini, Mbappé e Rodrygo, para tentar o empate. O problema é que o Liverpool já estava com o jogo no bolso e a torcida em êxtase. Para coroar a noite, os torcedores ainda se divertiram vaiando cada toque de bola de Alexander-Arnold, ex-ídolo que vestiu branco por 15 minutos.
Vitória com autoridade de um Liverpool faminto, impiedoso e, acima de tudo, renascido.
Veja os outros resultados da Champions League nesta terça-feira (4/11)
- Atlético de Madrid 3 x 1 Union Saint-Gilloise
- Bodo/Glimt 0 x 1 Monaco
- Juventus 1 x 1 Sporting
- Olympiacos 1 x 1 PSV
- Tottenham 4 x 0 Copenhague