A megaoperação policial realizada na última terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, deixou 121 mortos, segundo a Secretaria de Estado da Polícia Militar. O número supera o do Massacre do Carandiru, em São Paulo, que resultou na morte de 111 detentos em 1992. A ação já é considerada a mais letal da história do Estado.
O coronel Marcelo de Menezes informou que o confronto durou cerca de 15 horas, iniciando às 6h e se estendendo até as 21h. Aproximadamente 2.500 agentes das polícias Civil e Militar foram mobilizados para “conter a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e capturar lideranças criminosas que atuam em diferentes estados”.
Em transmissão ao vivo no VTV News, o repórter Edson Soledade informou que cerca de 60 corpos foram retirados de uma área de mata pelos próprios moradores, após relatos sobre forte odor de cadáveres. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro confirmou que, somando os dois complexos, pelo menos 130 pessoas morreram durante as operações.
Os corpos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, uma das principais da região, ao longo da madrugada de quarta-feira (29). “Muitos moradores concordaram com a operação, mas ficaram indignados porque esperavam que os criminosos fossem presos. Não mortos”, afirmou o repórter Edson Soledade.


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Perfil dos mortos na megaoperação
O governo estadual informou que, do total de mortos, 58 ocorreram durante a ação policial, enquanto outros 61 corpos foram encontrados posteriormente na mata. De acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, 99 vítimas já foram identificadas. Veja o que se sabe:
- 39 eram de outros estados: 13 do Pará, 7 do Amazonas, 6 da Bahia, 4 do Ceará, 4 de Goiás, 3 do Espírito Santo, 1 do Mato Grosso e 1 da Paraíba;
- 78 tinham histórico de crimes graves, incluindo homicídio, tráfico de drogas e participação em organização criminosa;
- 42 estavam foragidos da Justiça.
Segundo Curi, Penha e Alemão se tornaram o QG nacional do CV e centro de decisão para estados onde a facção atua. “A investigação e as informações de inteligência mostram que nos complexos são feitos treinamentos de tiro, para que os marginais sejam formados ali e depois retornem aos seus estados de origem para disseminar a cultura da facção”, afirmou.
Doca, figura-chave do CV, continua foragido
Ainda conforme a polícia carioca, o traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, era o principal alvo da operação, mas conseguiu escapar do cerco policial. Ele é considerado o maior chefe do Comando Vermelho (CV) em liberdade, apenas abaixo de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar – ambos presos em penitenciárias federais.
Segundo Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio, Doca utilizou “soldados” do tráfico para criar uma barreira e garantir sua fuga. O Disque Denúncia do Rio oferece R$ 100 mil para informações que levem à captura.
De acordo com sua ficha criminal, Doca nasceu em 1970 em Caiçara, mas há divergências entre autoridades sobre ser no Rio Grande do Sul ou na Paraíba. Ele atua no crime há mais de 20 anos e, em 2007, foi preso em flagrante por porte de arma e tráfico de drogas na Vila da Penha, Zona Norte do Rio.
Massacre do Carandiru
O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, quando o Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo foi invadido pela Polícia Militar de São Paulo. O objetivo era reprimir uma rebelião. Após o fechamento da Casa de Detenção, em 2002, a área foi transformada no Parque da Juventude. Atualmente, dois dos antigos pavilhões abrigam escolas técnicas.