Agência relata que ao menos 38 pessoas morreram na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (30) após uma das noites mais intensas de bombardeios israelenses desde o início do mês, segundo autoridades de saúde locais.
Segundo a Agência Reuters, os ataques ocorreram horas depois de o Exército de Israel emitir novas ordens de evacuação em massa no norte do território palestino e às vésperas de uma nova rodada de negociações por cessar-fogo articulada pelos Estados Unidos.
A ofensiva atingiu bairros densamente povoados da Cidade de Gaza, incluindo escolas e residências, conforme relataram moradores. No bairro de Zeitoun, pelo menos dez pessoas morreram após a incursão de tanques israelenses e disparos contínuos durante a madrugada. “As explosões não cessaram; bombardearam escolas e casas. Pareciam terremotos”, disse Salah, de 60 anos, morador local.
Segundo o Exército israelense, os alvos da operação incluíam centros de comando e controle do Hamas. A ação teria ocorrido após medidas de mitigação de risco à população civil, afirmou a corporação, sem detalhar quais providências foram tomadas.
Escolas e hospitais sob ataque
Segundo a Reuters, a aviação israelense bombardeou ao menos quatro escolas, após ordenar a retirada de centenas de famílias que estavam abrigadas nos locais. Ao sul da Cidade de Gaza, autoridades médicas do Hospital Nasser, em Khan Younis, confirmaram outras 13 mortes em decorrência dos ataques. A maioria das vítimas, segundo socorristas, foi atingida por disparos de armas de fogo, embora residentes também tenham relatado um ataque aéreo. O Exército de Israel não comentou o episódio até o momento.
As novas ordens de evacuação abrangem áreas do norte que já haviam sido alvos de incursões militares anteriores. A justificativa, segundo os militares, seria o combate a militantes do Hamas ainda ativos na região.
Negociações em Washington e impasse político
Enquanto os ataques avançam sobre Gaza, representantes do governo israelense são esperados na Casa Branca para discutir um possível cessar-fogo. O encontro, articulado pela administração Trump, terá a presença do ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, considerado um dos principais aliados do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. As pautas incluem ainda o Irã e acordos diplomáticos mais amplos na região.
Internamente, o gabinete de segurança de Netanyahu deve se reunir para deliberar os próximos passos da operação em Gaza. Na última sexta-feira, o chefe das Forças Armadas de Israel declarou que a campanha terrestre está próxima de alcançar seus objetivos. Já no domingo, o premiê israelense afirmou que novas possibilidades se abriram para a libertação dos reféns ainda mantidos pelo Hamas — estima-se que 20 estejam vivos.
Trégua de 60 dias e resistência do Hamas
A proposta atual dos Estados Unidos prevê um cessar-fogo de 60 dias e a libertação de metade dos reféns em troca da soltura de prisioneiros palestinos e da entrega de restos mortais. A segunda fase incluiria a libertação dos demais reféns e o fim formal da guerra. Israel aceitou os termos iniciais, segundo o ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar. “Israel está comprometido com o acordo e com o cessar-fogo. A decisão está nas mãos do Hamas”, afirmou.
Líderes do grupo palestino, no entanto, sustentam que só aceitarão interromper o conflito com a retirada total das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Israel, por sua vez, exige o desarmamento completo do Hamas, que reitera não estar disposto a entregar suas armas.
Desde o ataque surpresa do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.200 mortos em Israel e resultou no sequestro de 251 pessoas, a resposta militar israelense já matou mais de 56 mil palestinos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Quase toda a população do enclave — estimada em 2,3 milhões de pessoas — foi deslocada, e mais de 80% do território está sob controle militar israelense ou em áreas com ordens de evacuação, segundo dados das Nações Unidas.