O promotor de justiça Manoel Torralbo Gimenez Júnior, do Tribunal do Júri de São Vicente, denunciou por ‘homícidio doloso‘ o bancário Thiago Arruda Campos Rosas, de 32 anos, acusado de causar a morte do cantor de pagode Adalto Mello, 39, em um acidente de trânsito na madrugada do último 29 de dezembro.
De acordo com o inquérito policial, Thiago estava embriagado, com o índice de 0,82 mg/l no bafômetro, mais de duas vezes o limite legal. O acidente aconteceu na Avenida Tupiniquins, no bairro Japuí, por volta das 2h38, quando Thiago, conduzindo um veículo Kia Sportage, atingiu a moto Honda Lead 110 pilotada por Adalto.
Além disso, o acusado estava dirigindo em alta velocidade e realizou manobras perigosas, incluindo uma ultrapassagem pela direita, subindo na calçada para ultrapassar outro veículo. O cantor morreu no local.
Horas antes do acidente, Thiago havia publicado um vídeo nas redes sociais, mostrando uma confraternização de fim de ano em uma cobertura com piscina. O teste do bafômetro, porém, foi realizado com o condutor às 4h37, quase duas horas após o atropelamento.
Denúncia
Segundo a denúncia, feita na quinta-feira (16), o bancário foi flagrado dirigindo de ‘maneira incompatível’ com as condições da via pública de pista simples e mão dupla. Ao ultrapassar um veículo pela direita e subir na calçada, ele atropelou Adalto, que ‘trafegava regularmente em sua motoneta’, sem ter qualquer possibilidade de reação.
O promotor destacou que, ao agir de ‘modo imprudente’, Thiago assumiu o risco de causar a morte do cantor – e de outras pessoas que pudessem estar no local. A velocidade excessiva e a ultrapassagem arriscada resultaram em uma colisão com a traseira da moto, arremessando a vítima a vários metros de distância.
Em sua argumentação, o promotor também aponta que a atitude do acusado gerou um perigo comum, impedindo que a vítima tivesse qualquer chance de defesa. Isso reforça a qualificação do homicídio, conforme os artigos 121, § 2º, incisos III e IV do Código Penal, que tratam das circunstâncias agravantes.
Mais ocupantes no veículo
Após o crime, apenas o denunciado Thiago Arruda foi ouvido formalmente. Entretanto, imagens de câmeras de segurança obtidas pelo VTV News revelaram que mais pessoas estavam no carro envolvido no atropelamento.
A advogada Sabrina Dantas, assistente de acusação, afirmou que, após o crime, três ocupantes do veículo – identificados pela defesa de Adalto – fugiram do local e não prestaram depoimento, deixando apenas Thiago Arruda Campos Rosas, que teria assumido a direção do carro.
Diante disso, o promotor solicitou ao Ministério Público (MP) que a autoridade policial realize diligências para identificar e ouvir as demais pessoas que estavam no veículo conduzido por Thiago no momento dos fatos.
Para a advogada, a medida é essencial para o andamento do processo. “Não só por isso, mas também por isso a gente vem lutando desde o início e, graças a Deus, a gente está conseguindo que a justiça seja feita”, ressaltou em entrevista à VTV, emissora afiliada do SBT na Baixada Santista.
Reparação de danos
A condenação do denunciado pelo homicídio doloso acarreta uma pena que varia de 12 a 30 anos de reclusão, conforme previsto no Código Penal. Isso porque a gravidade justifica a aplicação da punição estabelecida pela legislação penal, levando em consideração a conduta imprudente e os danos causados à vítima.
Além disso, o juíz requer-se que sejam fixados, em benefício da vítima e seus familiares, valores mínimos para reparação dos danos, incluindo os de ordem moral, conforme disposto no artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal.
Para que o bancário seja formalmente reconhecido como réu, a denúncia precisa ser acolhida pela Justiça. A defesa de Thiago tentou obter sua liberdade por meio de habeas corpus apresentados ao Tribunal de Justiça de São Paulo e ao Superior Tribunal de Justiça, mas ambos os pedidos liminares foram indeferidos.
O VTV News tentou contato com a defesa de Thiago Arruda, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço, porém, permanece aberto para manifestação, e a matéria poderá ser atualizada.
Cantor Adalto Mello morre atropelado; relembre o caso
O acidente ocorreu quando Adalto Mello pilotava sua motocicleta e foi atingido por um Kia Sportage, conduzido em alta velocidade por Thiago Arruda Campos Rosas. Thiago ultrapassou um veículo que estava atrás da moto pela direita, subindo na calçada, antes de colidir com a vítima, causando o impacto fatal.
Adalto foi rapidamente socorrido pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar atenderam a ocorrência, enquanto a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) coordenou uma operação de “Pare e Siga” para controlar o tráfego e auxiliar na coleta de informações.
Thiago foi preso em flagrante após o acidente e encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Praia Grande. Em audiência de custódia, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou a conversão da prisão em preventiva, mantendo-o detido enquanto o processo judicial está em andamento.
Defesa
A defesa de Thiago, representada pelo advogado Mario Badures, havia solicitado o sigilo dos autos no dia 31 de dezembro, alegando que a medida evitaria prejuízos a todos os envolvidos na investigação.
Entretanto, o promotor de Justiça Carlos Eduardo Viana Cavalcanti se manifestou contra, argumentando que não havia elementos concretos que justificassem o sigilo.
O juiz Eduardo Hipólito Haddad, responsável pela decisão, destacou a importância da atuação da imprensa, afirmando o papel relevante na disseminação de informações e na vigilância da transparência das instituições.
Em sua análise, disse que não havia abuso na cobertura do caso pela mídia, e a publicidade dos atos não representaria risco à segurança de Thiago. Assim, o pedido de segredo de justiça foi negado.
Quem era o cantor de pagode Adalto Mello, que morreu atropelado em São Vicente?
Cantor e compositor de pagode, Adalto se apaixonou pela música ainda na infância. Aprendeu a tocar cavaco observando seu pai e, desde jovem, se dedicou à carreira musical, se apresentando em eventos e comércios, de acordo com a família.
Além do talento musical, se formou em Educação Física e trabalhou em várias empresas ao longo de sua vida. Apesar disso, nunca abandonou o seu amor pela música, sempre conciliando o trabalho com os ensaios e apresentações à noite. Para ele, a música era um sonho a ser vivido, e não apenas uma fonte de dinheiro.
Aos 10 anos, Adalto deixou um filho, que estava com ele nas férias quando o cantor faleceu. A mãe do artista, Carla, destaca que o filho era extremamente apegado à família e sempre procurava transmitir amor e bondade para todos ao seu redor. Adalto será lembrado por fãs, amigos e familiares pela dedicação à música e sua fé.
“Desde quando me entendo por gente, desde criança, eu já toco pagode e samba. Meu pai e minha mãe sempre curtiram música. Meu pai era de escola de Samba de Santos. Meu primo tocava em grupo de pagode”, disse o cantor em entrevista à VTV SBT.