A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil há alguns dias. Ela afirma estar em Portugal e deve pedir afastamento do cargo parlamentar. A decisão veio após sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou 10 anos de prisão em regime fechado.
Zambelli diz que viajou para continuar um tratamento médico e pretende se basear na Europa, onde tem cidadania. “Agora vou pedir para me afastar do cargo. O gabinete será ocupado pelo meu suplente”, explicou a deputada, que também declarou que não pretende abandonar a política.
Por que Zambelli foi condenada?
Em maio, o STF condenou Carla Zambelli por falsidade ideológica e invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O STF também responsabilizou o hacker Walter Delgatti Neto, apontado como parceiro de Zambelli na invasão. Além da prisão, a deputada perdeu os direitos políticos por 8 anos e deverá pagar R$ 2 milhões por danos morais e coletivos.
A sentença ainda precisa transitar em julgado para que a perda de mandato seja efetiva. A decisão final caberá à Câmara dos Deputados.
Zambelli diz que vai “resistir”
Durante entrevista à rádio Auriverde, Zambelli negou estar fugindo. “Queria deixar claro que não é abandono do país. É resistir. É poder continuar falando o que quero falar”, declarou. A deputada afirmou que irá denunciar o STF em “todas as Cortes” da Europa, citando Portugal, Espanha, Itália e França.
Ela também alegou que se sentia doente por não poder se expressar livremente no Brasil e criticou o que chamou de “ditadura” imposta pelo Judiciário. “Me cansei de ficar calada, de não atender o meu público.”
Poucas horas após o anúncio da viagem, o advogado Daniel Bialski comunicou que não atuará mais na defesa de Zambelli. Segundo ele, a decisão foi por “motivo de foro íntimo”. A assessoria da parlamentar não comentou a saída.
Deputada critica urnas e alega perseguição
Carla Zambelli voltou a falar sobre as eleições de 2022. Disse que não causou a derrota de Jair Bolsonaro e que “serviu de bode expiatório”. Reforçou que não confia nas urnas eletrônicas e defendeu o voto impresso e a contagem pública como únicos caminhos para garantir democracia. Ela disse que, fora do país, se sente mais livre para expressar essa opinião sem medo de represálias.
A deputada ainda mencionou o caso da cabeleireira condenada por vandalismo em Brasília para reforçar sua crítica ao Judiciário. “Tenho receio de ser presa por uma Justiça injusta”, afirmou.