A restauração ecológica, muitas vezes vista apenas como uma ação ambiental, revela-se também uma poderosa ferramenta econômica. Uma pesquisa realizada por universidades paulistas, como USP e Unicamp, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), apontou que a recomposição de vegetação nativa próxima às lavouras pode gerar ganhos bilionários para a agricultura paulista.
Segundo o estudo, produtores de soja, laranja e café, entre outros, podem ver suas receitas aumentarem significativamente. A pesquisa revelou que a restauração ecológica poderia agregar mais de 4 bilhões de reais por ano à economia paulista, com impacto direto no Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Desses ganhos, 1,4 bilhão viriam da produção de soja, 1 bilhão da citricultura e 660 milhões da cafeicultura. Outros cultivos permanentes e temporários também seriam beneficiados, como goiaba, abacate, manga, tomate e feijão, totalizando mais 1,1 bilhão de reais.
Os resultados demonstram que a presença de vegetação nativa próxima às plantações atrai polinizadores, como abelhas, favorecendo a fixação de flores e o desenvolvimento de frutos. Essa interação não apenas amplia a produção, mas também melhora a qualidade e o tamanho dos produtos colhidos, trazendo mais valor ao mercado.
Um exemplo destacado no estudo envolve a cultura da laranja no interior de São Paulo. Em uma propriedade que implantou vegetação nativa ao redor dos pomares, observou-se um aumento de 20% na produtividade em apenas dois anos. Da mesma forma, uma lavoura de café em Franca que adotou a estratégia registrou crescimento de 15% na produção, com grãos de maior tamanho e qualidade superior.
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A pesquisa também destaca que a metodologia proposta pode ser aplicada individualmente em cada município, ampliando o potencial de adesão e resultados. A iniciativa, que integra o projeto Biota Síntese, reflete a colaboração bem-sucedida entre a academia e gestores públicos, oferecendo subsídios para o aprimoramento das atuais políticas ambientais e o desenvolvimento de novas estratégias sustentáveis.
Essa descoberta convida os produtores rurais a repensarem suas estratégias. Investir na restauração ecológica não é apenas uma ação ambientalista, mas um movimento que conecta a segurança alimentar à preservação da biodiversidade e ao fortalecimento da economia. O futuro da agricultura pode estar enraizado na harmonia com o meio ambiente, onde cada árvore plantada é também uma semente para colheitas mais abundantes e sustentáveis.