O bancário Thiago Arruda Campos Rosas, de 32 anos, foi denunciado pelo Ministério Público (MP) por homicídio doloso na morte do cantor Adalto Mello, de 39 anos. A denúncia foi recebida pelo juiz Alexandre Torres de Aguiar, da 1ª Vara Criminal de São Vicente, na última terça-feira (4).
Conforme a decisão obtida pelo VTV News, o magistrado determinou que Thiago seja citado formalmente como réu. Ele recebeu prazo de dez dias, agora oito, para apresentar sua resposta à acusação.
O promotor Manoel Torralbo Gimenez Júnior classificou o caso como homicídio doloso na modalidade de dolo eventual. Isso significa que o acusado assumiu o risco de causar o acidente ao optar por dirigir embriagado e de forma irresponsável. Para o MP, a conduta foi capaz de colocar em perigo outras vidas.
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Cantor Adalto Mello morre atropelado; relembre o caso
O acidente aconteceu na madrugada de 29 de dezembro de 2024, em São Vicente, quando Thiago, embriagado e em alta velocidade, colidiu com a moto pilotada por Adalto. Segundo apurado, o motorista ultrapassou um veículo que estava atrás da moto pela direita, subindo na calçada, antes de atingir a vítima.
O teste de bafômetro, realizado com o condutor às 4h37, quase duas horas após o atropelamento, registrou 0,82 mg/l de álcool, mais de duas vezes o limite legal, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Ele foi preso em flagrante e encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Praia Grande.
O Ministério Público denunciou o bancário por homicídio doloso, agravado pela embriaguez ao volante e pelas manobras perigosas realizadas. Ele dirigia um Kia Sportage e estava em alta velocidade, realizando ultrapassagens arriscadas. O impacto foi tão forte que o cantor foi arremessado e morreu instantaneamente.
Além da acusação de homicídio, o MP também incluiu homicídio qualificado, pois Thiago utilizou recursos que impossibilitaram a defesa da vítima. O comportamento ‘imprudente’ foi considerado um risco iminente à segurança pública, e o promotor Manoel Torralbo entendeu que a conduta do motorista foi ‘negligente’.
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Prisão preventiva
Após o flagrante, Thiago teve a prisão preventiva decretada em audiência de custódia. Desde então, sua defesa entrou com pedidos de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em ambos os casos, os pedidos foram negados por decisão monocrática.
Além de pedir a condenação de Thiago, cuja pena pode variar entre 12 e 30 anos de prisão, o promotor solicitou que ele pague indenizações aos familiares de Adalto. Essas reparações financeiras, segundo a denúncia, deverão incluir valores pelos danos materiais e morais sofridos.
A defesa também recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas o ministro André Mendonça extinguiu o pedido no dia 22 de janeiro. O magistrado explicou que o Supremo só pode analisar o caso após decisão colegiada do STJ. Ele afirmou não ter encontrado irregularidades que justificassem a concessão do habeas corpus.
Sigilo negado
A defesa de Thiago, representada pelo advogado Mario Badures, solicitou o sigilo dos autos em 31 de dezembro, alegando que isso evitaria prejuízos à investigação. No entanto, o promotor Carlos Eduardo Viana Cavalcanti se opôs, destacando a falta de justificativas concretas para o sigilo.
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O juiz Eduardo Hipólito Haddad, ao analisar o pedido, ressaltou a importância da transparência e do papel da imprensa na divulgação de informações, e argumentou que a mídia não estava abusando na cobertura do caso. Então, o pedido de segredo de justiça foi negado.
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Mais ocupantes no veículo
Após o crime, apenas o denunciado Thiago Arruda foi ouvido formalmente. Entretanto, imagens de câmeras de segurança obtidas revelaram que mais pessoas estavam no carro envolvido no atropelamento.
A advogada Sabrina Dantas, assistente de acusação, afirmou que, após o crime, três ocupantes do veículo – identificados pela defesa de Adalto – fugiram do local e não prestaram depoimento, deixando apenas Thiago Arruda Campos Rosas, que teria assumido a direção do carro.
Diante disso, o promotor solicitou ao Ministério Público (MP) que a autoridade policial realize diligências para identificar e ouvir as demais pessoas que estavam no veículo conduzido por Thiago no momento dos fatos.
Para a advogada, a medida é essencial para o andamento do processo. “Não só por isso, mas também por isso a gente vem lutando desde o início e, graças a Deus, a gente está conseguindo que a justiça seja feita”, ressaltou em entrevista à VTV, emissora afiliada do SBT na Baixada Santista.
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Quem era o cantor de pagode Adalto Mello, que morreu atropelado em São Vicente?
Cantor e compositor de pagode, Adalto se apaixonou pela música ainda na infância. Aprendeu a tocar cavaco observando seu pai e, desde jovem, se dedicou à carreira musical, se apresentando em eventos e comércios, de acordo com a família.
Além do talento musical, se formou em Educação Física e trabalhou em várias empresas ao longo de sua vida. Apesar disso, nunca abandonou o seu amor pela música, sempre conciliando o trabalho com os ensaios e apresentações à noite. Para ele, a música era um sonho a ser vivido, e não apenas uma fonte de dinheiro.
Aos 10 anos, Adalto deixou um filho, que estava com ele nas férias quando o cantor faleceu. A mãe do artista, Carla, destaca que o filho era extremamente apegado à família e sempre procurava transmitir amor e bondade para todos ao seu redor. Adalto será lembrado por fãs, amigos e familiares pela dedicação à música e sua fé.
“Desde quando me entendo por gente, desde criança, eu já toco pagode e samba. Meu pai e minha mãe sempre curtiram música. Meu pai era de escola de Samba de Santos. Meu primo tocava em grupo de pagode”, disse o cantor em entrevista à VTV SBT.