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Em Terras Lusas – Reabilitar é Preciso

Perder-se em alguns bairros do Porto e observar essas casas pode ser uma tarefa de tirar o fôlego para quem gosta de tradição e arte
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Enquanto a maioria dos arquitetos prefere casas no estilo brutalista, meu olhar busca e fica satisfeito quando o estilo de arquitetura de uma cidade, ou de um país, prioriza a reabilitação do seu patrimônio histórico e quando a decoração das casas são um reflexo do estilo de vida e da história de seus moradores.

A cidade do Porto ainda tem uma quantidade bastante razoável de casas centenárias, mas para minha tristeza, e de alguns olhares mais atentos, algumas dessas casas já começam a desaparecer da paisagem dando espaço a prédios de gosto duvidoso.

As que resistem ao tempo traduzem o estilo arquitetônico da cidade desde o século XIX: são altas, esguias e adornam em sua fachada os mais coloridos e trabalhados azulejos que se possa imaginar e possuem claraboias impressionantes.

Perder-se em alguns bairros do Porto e observar essas casas pode ser uma tarefa de tirar o fôlego para quem gosta de tradição e arte. E o bairro do Bonfim é o local perfeito para isso.

Um dos melhores exemplos de renovação e conservação do patrimônio histórico da cidade do Porto que conheço é o da Guesthouse Menina Colina.

A casa foi construída para a família de José Joaquim Correia há mais de 170 anos que viveu com os pais, irmãos e irmãs até ao final do século XIX. Das mãos dos Joaquim Correia a casa passou para as mãos da família dos Costa Fontes que fez melhorias no edifício e acrescentou pinturas nos estuques e tetos, além de fazer uma pequena varanda na sala de música e uma capela no último andar.

Atualmente a casa pertence ao marceneiro de profissão, e hoje hoteleiro de sucesso, Guy Lehmann. Ele me contou que o último morador da casa data dos anos oitenta, e que de lá para cá, a casa, uma pérola da arquitetura portuguesa, ficou abandonada e fechada por quase trinta anos.

Foi em 2017 que Lehmann, e seus sócios, iniciaram as obras de reabilitação desse prédio precioso. A principal preocupação era manter os traços originais do edifício sem descaracterizá-lo, mas ao mesmo tempo, torná-lo adaptável e confortável para uma Guesthouse em pleno seculo XXI. Assim nascia a Casa Menina Colina.

A fachada clássica foi pouco mudada e o interior, ao longo de vários meses de restauro, teve o estuque, as portas e outros elementos decorativos cuidadosamente limpos, consolidados e revigorados.

Além dos percalços que uma obra de restauração desse porte propicia, e que não foram poucos, a abertura tão esperada aconteceu dois meses antes da epidemia do COVID 19. Um duro golpe para quem via renascer uma das casas mais bonitas da cidade.

A casa Menina Colina tem dois grandes destaques e que não passam desapercebidos para aqueles que tentam preservar e alimentar a qualidade do olhar, coisa rara nos tempos atuais.


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O primeiro é o jardim que fica no fundo da casa que foi repaginado e mantem as cameleiras e as japoneiras centenárias. Por sinal, são as camélias o símbolo da cidade do Porto, sabiam?

No jardim amplo há, ainda, um pequeno café que fica aberto ao público e que se tornou um lugar especial para tomar um pequeno-almoço, leia-se café da manhã, ou um chá ou café no final da tarde.

O segundo é sala de música da casa. Uma sala espaçosa com uma luminosidade privilegiada que realça os tetos e as paredes trabalhadas com afrescos e pinturas de compositores clássicos que são de uma beleza incontestável.

Durante a restauração os proprietários decidiram manter algumas paredes da sala com a pintura desbotada para que o restauro fosse o menos intrusivo possível e que a casa pudesse manter sua essência centenária.

A sala tornou-se o ex libris do Menina Colina e não há hospede ou visitante que não se impressione com tanta beleza. A sala é hoje palco de saraus, almoços comemorativos, local de palestras e encontros de empresas.

Apesar da fúria do setor imobiliário que insiste em destruir coisas belas para a construção de blocos de cimento, a cidade do Porto mantem, ainda, inúmeras casas que precisam de reabilitações urgentes como as da Guesthouse.

E essa luta pela preservação do património histórico deveria ser de cada um dos portuenses, afinal quando se destrói uma casa centenária, também se destrói a alma da cidade.

Para quem gosta de voltar ao tempo, apreciar a arte e se hospedar com conforto e requinte a Casa Menina Colina é o local ideal para se viver essa experiência.

Autor

  • Paulo Visani Rossi

    Paulo Visani Rossi é advogado especializado em Direito Autoral e assessor de imprensa, atua como consultor de marketing na Europa e vive há 9 anos em Portugal

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