A Justiça de São Paulo determinou, nesta quinta-feira (18), a prisão temporária de Luiz Antonio Rodrigues de Miranda e Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, suspeitos de envolvimento direto na execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes, ocorrida no início da semana em Praia Grande, no litoral sul paulista. A decisão foi assinada pelo juiz Felipe Esmanhoto Mateo, da Comarca local, com base na necessidade de evitar fuga dos investigados e ampliar a identificação dos demais envolvidos no crime.
Além da prisão, foram expedidos mandados de busca e apreensão de celulares e outros dispositivos eletrônicos ligados à dupla. A apuração teve como ponto de partida uma denúncia anônima, indicando que Dahesly teria armazenado as armas usadas na ação em uma residência no bairro de Americanópolis, na zona sul da capital paulista.
Pagamentos via Pix e ligação com o PCC
Ao notar a chegada da polícia, Dahesly tentou se desfazer de um celular, mas acabou detida. Em depoimento, admitiu ter estado em Praia Grande no dia do assassinato e revelou que recebeu um pagamento via Pix para transportar armamento até Diadema. A transação foi feita a partir da conta de Vinicius Davi Vieira Rodrigues, de apenas dez anos, filho de Luiz Antonio.
Ainda segundo os investigadores, Dahesly reconheceu Luiz por meio de uma fotografia como o homem responsável por recolher os fuzis no endereço em que estavam guardados. Equipes policiais estiveram na residência dele, mas não o encontraram. Vizinhos afirmaram que Luiz é integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção com a qual Ruy Ferraz Fontes mantinha histórico direto de enfrentamento quando ainda estava à frente da Polícia Civil.

Execução planejada
O ataque aconteceu na noite de segunda-feira (15), na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim. Ruy havia acabado de sair da sede da Prefeitura de Praia Grande, onde atuava como secretário de Administração desde o ano passado, quando foi emboscado por um grupo armado.
Os criminosos ficaram à espreita por cerca de 15 minutos e dispararam contra o carro do ex-delegado assim que ele deixou o Paço Municipal. Ruy tentou fugir pelas ruas adjacentes, mas colidiu com dois ônibus ao entrar na avenida e acabou capotando o veículo. Três suspeitos desceram encapuzados, com coletes à prova de balas e armados com fuzis. Dois se aproximaram e efetuaram os disparos, enquanto o terceiro permaneceu dando cobertura para evitar a aproximação de testemunhas.
Carreira combativa ao crime organizado
Com mais de 40 anos de atuação na Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes esteve à frente de investigações emblemáticas contra o crime organizado, especialmente o PCC. Foi um dos responsáveis por identificar e prender lideranças da facção, além de conduzir pessoalmente a transferência de chefes do grupo para presídios federais de segurança máxima. Também liderou as apurações sobre os ataques de 2006, considerados um marco na atuação violenta da facção contra o Estado.
Entre 2019 e 2022, Ruy ocupou o cargo máximo da Polícia Civil paulista, como delegado-geral da instituição. Após deixar o posto, assumiu em 2023 a Secretaria de Administração de Praia Grande, onde permaneceu até ser assassinado. A motivação da execução segue em investigação.