O Instituto Ampara Animal, em Amparo (SP), recebeu uma onça-pintada macho em recuperação, que, segundo o instituto, pode ser mesma envolvida no ataque que matou um caseiro de 60 anos em Aquidauana (MS), no fim de abril.
Segundo o instituto, a onça-pintada (Panthera onca) macho, com aproximadamente nove anos, foi transferida do Pantanal de Mato Grosso do Sul para São Paulo após decisão conjunta dos órgãos ambientais ICMBio e SEMADESC-MS. A transferência foi motivada pelo comportamento do animal, já habituado à presença humana, o que inviabiliza sua reintegração ao ambiente natural.
A operação envolveu o CENAP (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros), o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL) e o CRAS de Campo Grande (MS), onde a onça passou por reabilitação inicial. Durante o período no CRAS, o animal ganhou 13 quilos e foi submetido a exames clínicos e laboratoriais que atestaram sua recuperação.
Apesar das especulações quase certas, o instituto não confirmou oficialmente se é a mesma onça envolvida no ataque.
Recinto adaptado
Já no instituto de Amparo, a onça passará a viver em um recinto especialmente projetado. A estrutura será ampliada para incluir áreas alagadas, respeitando o hábito aquático do felino pantaneiro. O espaço não será aberto à visitação pública e terá foco integral no bem-estar físico e comportamental do animal, segundo informou o médico-veterinário Jorge Salomão, responsável técnico pelo mantenedor de fauna.
Atualmente, o instituto abriga oito onças — cinco pintadas e três pardas — que não puderam retornar à natureza devido a diferentes formas de interferência humana. Todas recebem cuidados individualizados, dentro de protocolos rigorosos de manejo e conservação.

Conservação e manejo ex-situ
A destinação da onça segue diretrizes do Plano de Manejo Populacional para a Onça-Pintada, coordenado pelo ICMBio, no âmbito do Programa de Conservação ex-situ. O Instituto Ampara Animal é signatário do programa e atua como criadouro científico para fins conservacionistas, em consonância com os princípios de bem-estar animal, ética e preservação da biodiversidade.
Juliana Camargo, presidente do Instituto, afirmou que o caso reforça a importância da empatia e da corresponsabilidade na mediação de conflitos entre humanos e grandes felinos. “Sabemos que o cativeiro não é o fim ideal, mas é, neste contexto, a melhor alternativa para esse animal. Nosso compromisso é com o bem-estar e a dignidade da espécie.”
O ataque e a investigação
O caseiro Jorge Avalo, que atuava há 16 anos em um pesqueiro às margens do rio Miranda, foi morto por uma onça-pintada no dia 21 de abril. Laudo necroscópico do Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana confirmou que a causa da morte foi uma mordida do felino na cabeça. Pegadas da onça foram encontradas próximas ao corpo da vítima, que teve partes do cadáver localizadas dentro de uma toca a cerca de 300 metros do ponto do ataque.
A PMA deu início às buscas logo após o ataque, sob determinação do governo de Mato Grosso do Sul. A onça capturada foi encontrada rondando a região do pesqueiro, o que reforçou a suspeita de envolvimento no caso, embora não haja confirmação oficial.
O caso segue sob análise das autoridades ambientais e do programa de conservação.