O cantor Orlando Morais, de 62 anos, surpreendeu os fãs recentemente ao revelar que passou por uma cirurgia bucomaxilo facial para tratar a apneia do sono, condição que compromete a respiração durante a noite e pode trazer sérias consequências à saúde.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, o artista contou que viveu “passei mais de 60 anos sem dormir direito” e aproveitou para alertar sobre a importância de buscar diagnóstico e tratamento. O depoimento emocionou o público e reacendeu o debate sobre uma doença ainda pouco conhecida, mas que atinge milhões de pessoas no Brasil.
Dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a apneia obstrutiva do sono (AOS) é frequentemente subdiagnosticada. Estimativas apontam que cerca de 32,8% da população adulta apresenta algum grau da doença. Isso representa aproximadamente 49 milhões de brasileiros com AOS, sendo 25 milhões em nível moderado a grave — quadro em que os riscos de complicações aumentam de forma significativa.
A apneia do sono se caracteriza por interrupções repetidas da respiração durante o sono, geralmente acompanhadas de ronco alto, despertares noturnos que resultam em sonolência excessiva ao longo do dia e dificuldade de concentração. O impacto vai além do cansaço: estudos associam a doença à hipertensão arterial, arritmias, doenças cardiovasculares, déficit cognitivo e até maior risco de acidentes de trânsito e de trabalho, devido à sonolência diurna não controlada.
“Independente do distúrbio do sono é importante manter o hábito de uma boa higiene do sono como, por exemplo, dormir e acordar sempre no mesmo horário, até nos finais de semana. Também deve evitar o uso de celular, tablet ou televisão, próximo ao horário de dormir. Bom não praticar exercícios físicos intensos, refeições em grande quantidade e líquidos mais estimulantes como cafeína e álcool.”, reforça a Dra. Clarice Fuzi, pneumologista do Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo).
O caso de Orlando Morais chama atenção também pelo tipo de intervenção realizada. O músico passou por uma cirurgia de avanço maxilomandibular, indicada em casos mais graves ou quando tratamentos convencionais não apresentam resultados satisfatórios. O procedimento é realizado para ampliar as vias aéreas facilitando a respiração e reduzindo os episódios de apneia.
A visibilidade de figuras públicas que enfrentam a doença é essencial para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce. Muitas pessoas convivem anos com os sintomas sem imaginar que podem estar diante de uma condição médica séria. O depoimento do músico acaba por reforçar um recado importante: a apneia do sono não deve ser negligenciada. Procurar avaliação médica pode evitar danos irreversíveis à saúde e devolver qualidade de vida a milhões de brasileiros.