A Azul Linhas Aéreas informou que está flexibilizando a remarcação de passagens aéreas com destino ao Rio de Janeiro devido à escalada da violência registrada na Região Metropolitana após a megaoperação deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha. A ação policial, considerada a mais letal da história do estado, ocorreu na última terça-feira (28) e resultou em mais de 120 mortos, de acordo com levantamento do SBT.
Segundo nota da companhia, a alteração ou cancelamento dos bilhetes será autorizada mediante disponibilidade de assentos ou com a conversão do valor pago em crédito para uso futuro. Cada solicitação será analisada individualmente, por meio dos canais oficiais da Azul. Apesar da medida, a empresa afirmou que suas operações na cidade seguem dentro da normalidade. Segundo a empresa, não há uma data estipulada para encerrar a flexibilização.
“Por liberalidade, a empresa está flexibilizando remarcações nos bilhetes (…) como medida necessária para salvaguardar o interesse público”, destacou o comunicado oficial.
Mais de 60 corpos encontrados por moradores
A flexibilização ocorre em meio à comoção gerada pelos efeitos da chamada Operação Contenção, que envolveu cerca de 2.500 agentes das forças de segurança estaduais e federais. Durante a madrugada desta quarta-feira (29), moradores da Serra da Misericórdia relataram a localização de mais de 60 corpos em área de mata na região da Vacaria. Os cadáveres foram levados à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas.
A ação teve como alvo a cúpula do Comando Vermelho (CV). Até o momento, o governo do Rio reconhece 64 mortos, entre eles quatro policiais. No entanto, apuração do SBT indica que o número de vítimas ultrapassa 120, embora nem todos constem no boletim oficial.
Resistência armada e uso de drones
As forças policiais enfrentaram resistência armada intensa durante a incursão. Criminosos utilizaram barricadas incendiadas e drones para atrasar o avanço dos agentes. Ao menos três moradores ficaram feridos. Até agora, foram registradas 81 prisões e 93 fuzis apreendidos.
Relatos de moradores apontam que os acessos à Serra da Misericórdia permanecem bloqueados e há forte presença policial na área. “Tem muito corpo e sangue para todo lado”, disse o ativista Raull Santiago, do Instituto Papo Reto, nas redes sociais.
Ranking das operações mais letais do RJ
Com a ofensiva nos complexos do Alemão e da Penha, a operação superou outros episódios marcantes da repressão policial no estado. Veja o levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni), da Universidade Federal Fluminense (UFF):
- Complexo do Alemão e Penha, outubro de 2025 – mais de 120 mortos
- Favela do Jacarezinho, maio de 2021 – 28 mortos
- Vila Cruzeiro, maio de 2022 – 23 mortos
- Vila Operária (Duque de Caxias), janeiro de 1998 – 23 mortos
- Complexo do Alemão, junho de 2007 – 19 mortos
A Secretaria de Segurança do Rio ainda não atualizou oficialmente o número de mortos na ação. A apuração continua.