A manhã da última quinta-feira (25) foi de luto na Estação de Bombeiros de Guarda-Vidas de Bertioga (SP). Selva, o cão mascote da corporação, morreu aos 21 anos, deixando um legado de quase duas décadas de companheirismo. Conhecido pela presença nas areias e águas da cidade, ele era mais que um mascote: era um “herói”.
De acordo com o grupamento marítimo, a história de Selva começou de forma inusitada em 2005, quando ele foi salvo pelos bombeiros após quase se afogar durante uma brincadeira com dois pitbulls. A equipe realizou manobras de resgate, incluindo respiração boca-a-boca. A partir daquele momento, uma ligação especial nasceu entre o cão e a corporação.
Após desaparecer por um tempo, Selva foi reencontrado e descobriu-se que se chamava “Lobinho” e tinha uma dona. Porém, sua predileção por estar com os bombeiros se tornou evidente, escapando de casa frequentemente para ficar na estação. Sensível ao apego do cão, a tutora decidiu entregá-lo de vez à corporação.
Enfim, Selva!
Renomeado Selva, por reagir ao comando dos treinamentos, o cão passou a ser uma presença constante. Ele se tornou parte da equipe, patrulhando com os bombeiros, navegando em embarcações e até participando de travessias de treinamento. “Ele tinha o verdadeiro espírito de guarda-vidas”, disse o tenente Guilherme Vegse.
Segundo o cabo Rafael Menossi, Selva era tão dedicado que chegou a enfrentar mares perigosos com a corporação. “Uma vez, em um mar de 2 metros na Prainha Branca, achei que ele não resistiria, mas já estava na areia todo contente quando saímos. Ele era uma lenda”, contou ao Costa Norte.
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Além da resistência física, Selva conquistava a todos com seu carisma. Ele acompanhava as instruções de formação de novos guarda-vidas e era presença certa nas viaturas. Sua dedicação era motivo de inspiração para os bombeiros e de admiração para os moradores locais.

Despedida
Nas redes sociais, o 6° Grupo de Bombeiros Marítimos (GBMar) prestou homenagem ao mascote. “Alguns cães entram na nossa vida como amigos, outros como heróis. Selva foi os dois. Ele marcou para sempre a nossa equipe”, dizia a postagem emocionada.
A morte de Selva ocorreu de forma tranquila, segundo o tenente Vegse. “Ele dormiu e não acordou. Foi enterrado com honras e fardado, como um verdadeiro guarda-vidas.” Uma cerimônia íntima foi realizada, simbolizando a importância do cão para a corporação.
O vídeo, disponível acima, reúne momentos marcantes da trajetória de Selva com a corporação. Entre centenas de depoimentos nos comentários, destaca-se o exemplo de coragem, lealdade e dedicação que o cãozinho deixou como legado — sendo inesquecível para todos que tiveram o privilégio de conviver com ele.