O dólar encerrou esta quarta-feira (2) em queda de 0,74%, cotado a R$ 5,4206 — o menor valor registrado desde 19 de agosto de 2024. Já o Ibovespa recuou 0,36%, aos 139.051 pontos. Segundo especialistas, a movimentação reflete a expectativa do mercado em relação à votação do pacote fiscal proposto por Donald Trump no Congresso dos Estados Unidos, além da tensão com o fim do prazo de suspensão do tarifaço.
O projeto, batizado de One Big Beautiful Bill, prevê ampla redução de impostos, aumento expressivo nos gastos públicos e cortes em programas sociais. A proposta já passou pelo Senado norte-americano e deve ser votada pela Câmara dos Deputados. Se aprovada, a medida pode adicionar US$ 3,3 trilhões à dívida pública dos EUA na próxima década, conforme estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO).
Entre os pontos do texto estão o aumento de recursos para o controle de imigração, ampliação dos gastos com as Forças Armadas, isenções para gorjetas e horas extras, além da revogação de incentivos à energia limpa estabelecidos na gestão de Joe Biden.
A expectativa do governo Trump é sancionar a medida até 4 de julho, feriado da Independência dos EUA. O presidente da Câmara, Mike Johnson, confirmou a intenção de cumprir esse prazo.

Tarifaço volta ao radar com prazo próximo do fim
Outra frente de atenção é o tarifaço implementado por Trump. A suspensão temporária das tarifas expira em 9 de julho e, até agora, apenas três acordos comerciais foram firmados pelos EUA. O mais recente, com o Vietnã, foi anunciado nesta quarta-feira. Segundo o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, não haverá prorrogação do prazo.
Segundo a Agência Reuters, a falta de consenso segue gerando incerteza entre os investidores. Nesta semana, o Canadá retirou o imposto sobre serviços digitais direcionado a empresas americanas, em aparente tentativa de destravar negociações com Washington. Na Europa, diplomatas relataram que o bloco condiciona qualquer avanço em acordos comerciais à redução imediata das tarifas sobre setores estratégicos.

No Brasil, o IOF, dólar e tarifaço seguem no radar
Além do dólar, em território nacional os investidores acompanham o embate sobre a proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que segue sendo defendido pela equipe econômica para o equilíbrio das contas públicas em 2025. Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a apoiar a judicialização da pauta e negou atrito com o Congresso.
Ao mesmo tempo, o IBGE divulgou que a produção industrial brasileira recuou pelo segundo mês consecutivo em maio, sinalizando desaceleração da atividade. No cenário internacional, os dados de emprego nos EUA também seguem no radar.
- Dólar
Semana: -1,15%
Mês: -0,24%
Ano: -12,28% - Ibovespa
Semana: +1,60%
Mês: +0,14%
Ano: +15,60%