A Polícia Civil de São Paulo trabalha com duas principais linhas de investigação para explicar a morte do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes. A primeira é a de vingança devido à atuação histórica no combate ao crime organizado, especialmente contra o PCC – facção que enfrentou diretamente quando comandava a corporação.
A segunda hipótese é a de uma represália ligada à função que ele exercia atualmente como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande. Ruy teria desagrado interesses criminosos locais com medidas tomadas no cargo. Segundo a polícia, nenhuma possibilidade está descartada até o momento.
O crime aconteceu na tarde da última segunda-feira (15), em Praia Grande, na Baixada Santista, quando o ex-delegado deixava o trabalho. Ele foi perseguido e executado a tiros por criminosos armados com fuzis, em uma emboscada. Dois suspeitos já foram identificados, e a polícia pediu à Justiça a prisão temporária deles.
Como foi a execução?
Imagens de câmeras de monitoramento mostram o momento em que um veículo ocupado por pelo menos quatro criminosos estaciona próximo à Secretaria de Educação, na Rua 18 de Novembro, às 18h02. Quatorze minutos depois, o carro dirigido por Fontes se aproxima e é imediatamente alvejado, iniciando uma perseguição. Ele foge em direção à Rua 1º de Janeiro.
Durante a fuga, o carro conduzido pelo ex-delegado colide com dois ônibus e capota na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas. Após o acidente, três homens mascarados descem do veículo e cercam o carro capotado, enquanto um quarto fica na retaguarda para dar cobertura. Armados com fuzis de uso restrito, os suspeitos iniciam o ataque contra a vítima (clique para assistir à dinâmica do crime acima).
O ataque foi realizado à queima-roupa, com os criminosos disparando diversas vezes contra a vítima. De acordo com o registro policial, Fontes foi atingido por mais de 20 disparos, principalmente nos braços, pernas e abdômen. “Foi uma execução com um objetivo claro: eliminar a vítima rapidamente”, disse o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian.

Dois carros foram usados no crime. Mas o que aconteceu com eles?
Após o crime, a Polícia Civil localizou a Hilux usada na execução completamente incendiada, em uma área afastada, cerca de dois quilômetros do local do ataque. O veículo, com placa de Indaiatuba (SP), tinha registro de roubo. A suspeita é que os criminosos tenham ateado fogo intencionalmente para apagar provas.
Pouco depois, um segundo carro – um Jeep Renegade também roubado – foi encontrado nas proximidades com carregadores de fuzil, munições e a arma pessoal de Ruy Ferraz guardada em uma bolsa com seus pertences. Todo o material foi apreendido e encaminhado para perícia.

Como os criminosos sabiam que o ex-delegado estava deixando a prefeitura?
Os criminosos estavam à espera de Ruy Ferraz Fontes nas proximidades da Prefeitura de Praia Grande, onde ele atuava como secretário. No dia do crime, ele saiu do trabalho mais cedo do que o habitual, por volta das 18h20. A suspeita é que os assassinos tinham informações sobre sua rotina.
Segundo o prefeito Alberto Mourão, Ruy usava um carro diferente do blindado que costumava utilizar. Funcionários relataram que aquele dia fugia do padrão, o que levanta a hipótese de que os criminosos tinham algum tipo de monitoramento. A investigação apura se houve vazamento de informações internas.