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Câmara aprova cotas ampliadas às vésperas do Dia da Consciência Negra

Projeto de lei reserva 30% das vagas em concursos públicos federais

Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (19), um projeto de lei que reserva 30% das vagas em concursos públicos federais para pretos, pardos, indígenas e quilombolas. A decisão ocorre às vésperas do Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, reforçando a importância da inclusão e do combate às desigualdades históricas. O texto segue agora para análise no Senado.

O que muda com o projeto?

A nova proposta amplia as cotas vigentes, que atualmente destinam 20% das vagas exclusivamente para negros e pardos, e passa a incluir indígenas e quilombolas. Além disso, prevê a redistribuição das vagas reservadas que não forem preenchidas para a ampla concorrência.

Candidatos que tentarem fraudar a autodeclaração poderão ser eliminados do concurso e responder criminalmente. Segundo o deputado Bira do Pindaré (PSB-MA), relator do projeto, “esta medida não é apenas simbólica; ela enfrenta desigualdades históricas com ações concretas”.

Ampliação do prazo das cotas

Além de aumentar o percentual e incluir novos grupos, o projeto estende a vigência das cotas. A medida segue o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em julgamento recente, destacou que políticas afirmativas como as cotas ainda são necessárias no Brasil e devem ser mantidas enquanto as desigualdades estruturais persistirem.

Debate na Câmara

A aprovação foi marcada por divergências. Parlamentares favoráveis destacaram o impacto positivo da medida. “A inclusão desses grupos no serviço público é um passo essencial para uma sociedade mais justa e representativa”, afirmou a deputada Carol Dartora (PT-PR).

Já a oposição criticou a ampliação das cotas. “O foco deveria ser o fortalecimento da educação básica para criar igualdade de oportunidades desde cedo, sem divisões artificiais”, argumentou o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

Desigualdade em números

Dados do IBGE mostram que pretos e pardos representam *56% da população brasileira, mas ocupam menos de *30% das vagas no funcionalismo público federal. A situação é ainda mais crítica entre indígenas e quilombolas, que enfrentam barreiras estruturais e sociais que dificultam o acesso ao mercado de trabalho qualificado.

De acordo com o Censo da Educação Superior, ações afirmativas como as cotas na educação já resultaram em um aumento de 167% nos ingressos em universidades federais nos últimos dez anos. A expectativa é que a ampliação das cotas para concursos públicos tenha efeito semelhante.

Próximos passos

O texto segue para análise no Senado, onde pode sofrer alterações. Se aprovado, será enviado para sanção presidencial e poderá entrar em vigor, estendendo a vigência das cotas por mais dez anos.

A decisão às vésperas do Dia da Consciência Negra simboliza um esforço para reforçar a luta por igualdade e a necessidade de políticas públicas que promovam inclusão.

Autor

  • Maycon Leão

    Correspondente da VTV em Brasília. Direto da capital federal, atualiza os bastidores da politica e as movimentações que afetam nossa região.

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