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‘Conta demo’ e ‘cláusula da desgraça’: entenda como influenciadores ganham com sites de apostas

Depoimento de Virginia Fonseca foi marcado por polêmicas, revelações e tensão
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Como as apostas esportivas transformaram entretenimento em armadilha financeira? Esse foi o pano de fundo do depoimento da influenciadora digital Virginia Fonseca, convocada como testemunha na CPI das Bets, nesta terça-feira (13), que trouxe à tona práticas controversas como a “cláusula da desgraça” e o uso de “contas demo”.

Segundo o Senado, a CPI busca compreender se celebridades digitais estariam incentivando práticas de jogo irresponsáveis e lucrando com perdas de apostadores, além de checar irregularidades nas cláusulas contratuais.

Para ser mais específico, a convocação da influenciadora teve como objetivo apurar seu envolvimento em campanhas publicitárias de casas de apostas, incluindo contratos com empresas como Esportes da Sorte e Blaze. No entanto, o depoimento foi marcado por polêmicasrevelações e momentos de tensão.

‘Conta demo’

Abreviação de demonstração, a ‘conta demo’ foi destaque após a senadora e relatora da CPI, Soraya Thronicke (Podemos-MS), questionar Virginia sobre vídeos de apostas. Como resposta, a influenciadora disse que os acessos utilizados para esses vídeos são fornecidos pelas plataformas, com logins e senhas específicos.

O recurso já havia sido investigado na Operação Game Over, em junho de 2024, quando a Polícia Civil encontrou mensagens de plataformas instruindo influenciadores a usar contas simuladas para demonstrar apostas. A prática permite que eles mostrem supostos ganhos sem arriscar dinheiro real, criando ilusão para o público.

‘Cláusula da desgraça’

Outro ponto debatido foi a “cláusula da desgraça”, revelada por uma reportagem da revista piauí. Segundo a matéria, alguns contratos oferecem um bônus proporcional às perdas dos usuários indicados pelos influenciadores. Virginia negou essa cláusula, mas admitiu que poderia receber um bônus de 30% se dobrasse os lucros da plataforma que promove, mas que essa meta nunca foi atingida.

Virgínia, porém, reforçou que todos os valores recebidos estavam relacionados ao pagamento fixo estabelecido no contrato. Ela também afirmou que cláusulas de desempenho, como a presente em seu contrato com a Esportes da Sorte, são comuns em contratos publicitários de outros setores.

A influenciadora digital aproveitou para rebater acusações que circularam nas redes sociais, destacando que não pôde se defender anteriormente devido a cláusulas de confidencialidade. Durante a audiência, Virginia negou qualquer irregularidade em seus contratos e se dispôs a apresentá-los à Justiça.

 A influenciadora tem 26 anos e reúne mais de 50 milhões de seguidores no Instagram – Fotos: redes sociais

Direito ao silêncio

Durante seu depoimento à CPI das Bets, Virgínia Fonseca afirmou seguir as diretrizes do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e destacou que sempre alertou seus seguidores sobre os riscos associados às apostas online.


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Segundo a influenciadora, ela sempre deixou claro que menores de idade são proibidos na plataforma, que apostas envolvem ganhos perdas, e que pessoas com vício devem evitar esse tipo de atividade. Virgínia negou ter incentivado os seguidores a apostar como forma de ganhar dinheiro fácil.

Quando a senadora Soraya questionou o maior cachê já recebido pela influenciadora, Virginia preferiu manter o silêncio – direito recebido. “Me reservo ao direito de ficar calada”, afirmou. Apesar disso, a decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estabeleceu que Virginia deveria responder às perguntas relacionadas a outros investigados, e que ela não poderia faltar com a verdade.

A portaria publicada pelo Ministério da Fazenda em julho de 2024 busca regulamentar a publicidade de apostas esportivas. Entre as medidas, exige tarjas de alerta sobre os riscos de dependência, proíbe propagandas enganosas e veda a atuação de influenciadores com público predominantemente menor de 18 anos.

Quem é Virginia Fonseca?

Nascida em Connecticut, nos Estados Unidos, Virginia Fonseca passou parte da infância e adolescência em Portugal, onde descobriu a paixão pela produção de vídeos para a internet. Aos 17 anos, incentivada por amigos e familiares, criou um canal de sucesso no YouTube, que, segundo a influenciadora, em apenas três vídeos, ultrapassou cem mil inscritos. Sua visibilidade cresceu ainda mais com colaborações com Pedro Rezende – também conhecido como ‘rezendeevil’.

Atualmente, Virginia é uma das maiores influenciadoras do Brasil e acumula mais de 65 milhões de seguidores, de acordo com a Social Blade. Além do engajamento homérico nas redes sociais, ela alcança ganhos mensais estimados em até US$ 200 mil apenas com a plataforma de vídeos. Casada com o cantor sertanejo Zé Felipe, Virgínia compartilha sua rotina familiar em Goiânia, ao lado dos filhos Maria Alice, Maria Flor e José Leonardo.

Fora da internet, Virgínia ampliou sua atuação no mercado empresarial e televisivo. Em 2021, lançou a marca de suplementos WePink, que já faturou mais de R$ 378 milhões em dois anos, com R$ 107 milhões registrados apenas no primeiro trimestre de 2024. Ela também é proprietária da agência Talismã Digital e da marca infantil Maria’s Baby. Desde 2024, apresenta o programa “Sabadou com Virginia”, transmitido no SBT.

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