A Câmara Municipal de Santos realizou nesta quarta-feira (26) uma audiência pública para discutir o futuro do casarão que abrigou a Escola Técnica Estadual (Etec) Escolástica Rosa, mas o evento foi interrompido após tensões entre os participantes. Organizada pelo vereador Paulo Miyashiro (Republicanos), a audiência abordou o destino do imóvel, que desde 2019 está abandonado e em estado de deterioração.
A proposta de transformar o casarão em uma escola cívico-militar foi destaque em janeiro, quando foi sugerida por deputados da região. A ideia foi levada à Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) pela deputada Rosana Valle (PL) e Ariovaldo Feliciano, provedor da Santa Casa de Santos, proprietária do imóvel.
O casarão, tombado como patrimônio histórico, foi deixado à Santa Casa por João Otávio dos Santos e abrigou a escola até 2004. Desde 2018, o edifício está desocupado. Em 2023, o projeto de restauração, inicialmente orçado em R$ 50 milhões, teve seu custo elevado para R$ 77 milhões devido à deterioração.
Casarão da Escolástica Rosa pode se tornar escola cívico-militar
Na audiência, discutiram-se três propostas para o futuro do casarão: restaurá-lo, transformá-lo em um colégio militar estadual ou sede de um Instituto Federal. O arquiteto Gustavo Nunes defendeu a restauração, mas especialistas alertaram para a necessidade de definir o uso do espaço antes de iniciar o projeto arquitetônico.
“Eu quero ver o meu projeto técnico aprovado e executado, mas temos grandes desafios para isso, porque estamos falando de investimentos muito altos”, afirmou Nunes.
A vereadora Débora Camilo sugeriu a criação de um Instituto Federal, alinhando a proposta ao legado de formação profissionalizante que o Escolástica Rosa sempre ofereceu. Segundo Camilo, o imóvel poderia ser aproveitado para cursos técnicos, com o apoio de recursos federais já disponíveis, como o PAC.
Além das controvérsias, a audiência também discutiu a necessidade urgente de intervenções para evitar o agravamento do estado de conservação do casarão. O edifício encontra-se em péssimas condições e, sem um plano de recuperação adequado, corre o risco de sofrer danos irreparáveis.
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Audiência pública foi interrompida
A audiência contou com a presença de representantes da sociedade civil e políticos, incluindo Tânia Maria Grizzi de Moraes, coordenadora do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), e Rose Cristina Gedra de Araujo, dirigente regional de Ensino. Também estiveram presentes assessores dos deputados estaduais.
A proposta de reabilitar o casarão inclui a utilização de recursos públicos e parcerias com instituições privadas ou ONGs para garantir a viabilidade do projeto. O encontro foi interrompido após a fala de Márcia Rosa, ex-prefeita de Cubatão, quando alegou-se que ela saiu e “quebrou a porta”. No entanto, não há previsão de próxima audiência pública para o assunto.
“Hoje, vemos uma contradição. O Estado sucateou o prédio por anos e, agora, propõe um colégio militar. A solução que defendemos é a estadualização da instituição, para que o Escolástica Rosa volte a ser um espaço público e acessível a todos”, disse Matheus Café, presidente do Centro de Estudantes de Santos e Região (CES).