Com a previsão de queda acentuada nas temperaturas em São Paulo, o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras-SP) intensificou as medidas para garantir o bem-estar térmico de centenas de animais sob seus cuidados, no Parque Ecológico do Tietê, na capital paulista. A unidade, gerida pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), adotou desde esta semana ações específicas para enfrentar a onda de frio, que afeta principalmente espécies nativas de regiões mais quentes.
Entre as estratégias colocadas em prática estão a instalação de cortinas nos recintos, uso de caminhas com tecidos térmicos e a ativação de aquecedores em espaços críticos. Animais mais vulneráveis ao frio, como filhotes de aves, jabutis e jacarés, foram transferidos para salas climatizadas com ar-condicionado aquecido.
“O desafio é manter a estabilidade fisiológica dos indivíduos que, muitas vezes, já chegam em estado crítico”, afirmou Liliane Milanelo, coordenadora de Gestão dos Cetras da Semil à AgênciaSP.
Além do manejo térmico, o Cetras-SP alterou a dieta dos animais, incorporando alimentos com maior teor calórico para apoiar a regulação da temperatura corporal. O cardápio inclui tenébrios, castanhas, baratas, sementes e mel — insumos ricos em gordura e energia. “É nesse momento que o metabolismo se torna mais exigente, e a alimentação precisa acompanhar essa demanda”, explicou Lilian Sayuri Fitorra, chefe do centro.
Galo-da-campina, saguis e outras espécies comuns em biomas mais quentes, como o Nordeste, figuram entre os mais impactados pela frente fria. O centro reforçou a proteção dos recintos dessas espécies e adaptou a oferta alimentar, focando em elementos que ajudam a manter a temperatura corporal.


Unidade de referência estadual
O Cetras-SP é referência no estado no acolhimento e reabilitação de animais silvestres provenientes de resgates, apreensões ou entregas voluntárias. Somente no primeiro semestre de 2025, até 23 de junho, a unidade recebeu 3.624 animais, sendo 2.822 aves, 411 répteis, 388 mamíferos e um anfíbio, oriundos de 204 espécies distintas. A taxa de soltura após reabilitação, segundo balanço da própria Semil, é de 80,56%.
A população pode acionar os canais oficiais em casos de animais silvestres feridos ou em risco: Polícia Militar Ambiental (190), Corpo de Bombeiros (193) ou Guarda Municipal da cidade.