A Usina São José S/A Açúcar e Álcool, investigada pela mortandade de peixes no Rio Piracicaba e na região do Tanquã, emitiu uma nota nesta terça-feira (16/07) para se pronunciar sobre as acusações.
Segundo a usina, foram realizadas cinco inspeções por técnicos da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em suas instalações, e nada foi encontrado que explique a causa ou origem da mortandade.
A empresa também afirmou considerar precipitada a alegação de que os poluentes teriam sido liberados por ela. Além disso, a Usina São José esclarece que está colaborando com a Cetesb, Polícia Ambiental e Ministério Público.
No entanto, segundo o Ministério Público, a empresa admitiu um vazamento de resíduos ocorrido após o rompimento de uma tubulação, porém alega que a quantidade vazada não seria suficiente para causar a morte de tantos peixes.
Nota na integra:
Após cinco inspeções realizadas por técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) nas dependências da Usina São José S/A Açúcar e Álcool, nada foi informado à empresa formalmente que explique o motivo ou a origem da mortalidade de peixes registrada nos últimos dias. Insinuações de
envolvimento da usina nessa ocorrência são precoces e não tem, até agora, qualquer comprovação ou fundamento.
A empresa considera precipitadas as notícias divulgadas nos últimos dias, citando
poluentes que teriam sido liberados no Ribeirão Tijuco Preto e chegado ao Rio Piracicaba,
a 42 quilômetros de distância. Lembra ainda que diversos incidentes envolvendo morte
de peixes no Rio Piracicaba vem ocorrendo nos últimos anos, período este que a Usina
São José estava inativa, tendo retomado suas atividades somente em maio deste ano.
A empresa esclarece que não poupa esforços para colaborar plenamente com a CETESB,
a Polícia Ambiental e o Ministério Público, fornecendo todas as informações e acessos
solicitados para garantir uma investigação transparente e justa, que leve às causas desse
incidente.
Mortes no Tanquã
Segundo a Cetesb, os poluentes industriais da usina de açúcar e álcool despejados irregularmente no Rio Piracicaba provocaram mortandade de peixes no Tanquã, área de proteção ambiental na região. O Tanquã é conhecido como o “Mini Pantanal Paulista” por conta da semelhança com o ecossistema do Centro-Oeste brasileiro. A região abriga diferentes espécies da fauna e da flora, algumas em risco de extinção.
O mini pantanal surgiu na década de 1960 após a usina hidrelétrica Barra Bonita ser construída na foz do rio Piracicaba e os últimos quilômetros do rio acabarem adentrando as margens, formando uma área de remanso, com águas lentas.
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“Essa mortandade no Tanquã ainda é decorrente do lançamento irregular da Usina São José no Rio Tijuco Preto, que é afluente do Rio Piracicaba. A ocorrência de agora está associada a esse fenômeno. A Cetesb esteve na região pra fazer levantamento coletando amostrar e percebeu e avaliou a quantidade expressiva de morte de peixes”, disse o o diretor de Controle e Licenciamento Ambiental da Cetesb, Adriano Rafael de Queiroz.
O Tanquã ocupa uma área equivalente a 14 mil campos de futebol, nas cidades de Anhembi, Botucatu, Dois Córregos, Piracicaba, Santa Maria da Serra e São Pedro. No local, 20 espécies de peixes foram atingidas, entre elas, o Piracanjuba e o Matrinxã, ameaçadas de extinção. No Tanquã também vivem onça-parda, lobo-guará, jaguatirica e o jacaré-de-papo-amarelo.
“A Cetesb esta notificando e pedindo pra Usina São José retirar os peixes mortos de lá, por que isso agrava ainda mais a situação no Tanquã. Na sexta-feira (19/07) a Cetesb vai finalizar o laudo com a definição da sanção administrativa”, completou Queiroz.