A Justiça de Praia Grande, na Baixada Santista, decidiu manter presos Marcelly Peretto, Rafaela Costa e Mário Vitorino, acusados de assassinar o comerciante Igor Peretto, de 27 anos. A decisão foi tomada na última segunda (30), após o fim da fase de instrução do processo, que colheu provas, depoimentos e perícias.
O juiz Bruno Rocha Julio classificou o crime como de “violência extremada” e “brutalidade incomum”, o que justifica, segundo ele, a manutenção da prisão preventiva dos três acusados. O magistrado também apontou risco de fuga e tentativa de manipulação de provas.
Apesar de manter o trio preso, a Justiça autorizou a devolução dos celulares apreendidos, entendendo que as perícias foram concluídas e que os dados já foram incorporados ao processo. O Ministério Público (PM) era contra a devolução, mas o juiz não acatou esse ponto (veja abaixo quem é quem):

Caso Peretto: o que pediam as defesas de Mário, Marcelly e Rafaela?
A primeira audiência de instrução aconteceu em 20 de março, quando as partes começaram a apresentar provas e testemunhas. Como havia muitos depoimentos, a sessão foi retomada em 7 de maio e um novo encontro foi marcado para 16 de junho.
Depois dos interrogatórios, o juiz determinou que as defesas poderiam apresentar novos pedidos, chamados de diligências, até 18 de junho. Todas as defesas enviaram suas solicitações no prazo (saiba quais foram os pedidos):
- O advogado de Rafaela pediu a devolução do celular dela e a revogação da prisão preventiva.
- A defesa de Mário também pediu a devolução do telefone, liberdade e apontou vazamento de dados como falha no inquérito.
- O defensor de Marcelly questionou se foram feitas análises em roupas e unha postiça da ré e solicitou a soltura dela, além da restituição do celular.
Como o comerciante Igor Peretto foi morto?
O crime aconteceu em 31 de agosto de 2024, dentro do apartamento de Marcelly, irmã da vítima, em Praia Grande. Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Igor teria sido morto por ser visto como “empecilho” em um suposto triângulo amoroso entre os três suspeitos — fato negado por Marcelly em recente entrevista.
O laudo necroscópico apontou cerca de 40 perfurações por faca no corpo de Igor, indicando violência excessiva. Inicialmente, o primeiro laudo mencionava 11 perfurações. Se tivesse sobrevivido, o comerciante teria ficado tetraplégico, sem movimentos do pescoço para baixo.
Segundo a investigação, Rafaela [viúva] e Mário [cunhado] mantinham um caso extraconjugal. Além disso, a defesa de Marcelly afirmou que ela também teve um envolvimento com Rafaela momentos antes do crime, no próprio apartamento onde Igor seria morto.
Desta forma, o MP-SP denunciou Rafaela, Marcelly, e Mário por homicídio qualificado. Para os promotores, o crime foi premeditado e teve motivação torpe, envolvendo interesses amorosos e financeiros entre os três denunciados.

O que aconteceu na noite em que Igor Peretto foi morto?
Imagens de câmeras de segurança mostraram Rafaela e Marcelly chegando ao prédio às 4h32. Seis minutos depois, aparecem sorrindo no elevador. Rafaela saiu do local às 5h42, apenas 13 segundos antes de Igor chegar com Mário ao imóvel.
Às 5h43, Igor e Mário foram vistos entrando no prédio. No elevador, a câmera flagrou uma discussão entre eles. A última imagem da vítima com vida foi registrada às 5h44, quando os dois seguiram juntos para o apartamento de Marcelly.
Cerca de 20 minutos depois, Mário e Marcelly deixaram o prédio pelas escadas e saíram a pé pela garagem. Eles foram para o apartamento de Mário, onde ficaram por cinco minutos e, depois, saíram com bolsas e outros objetos.
De acordo com o MP-SP, os acusados não tentaram socorrer Igor ou acionar ajuda — pelo contrário: buscaram rotas de fuga e calcularam o tempo até que o corpo fosse descoberto, o que, segundo a promotoria, reforça a premeditação.
Por que Igor Peretto foi morto?
A promotora Roberta Bená, responsável pela denúncia, afirmou que o caso é “chocante e violento”. Ela destacou que o trio tratou a morte de Igor como um plano bem estruturado para se livrar de um obstáculo.
O MP também apontou que os réus teriam vantagens com a morte de Igor. Rafaela, como viúva, receberia herança. Mário, sócio de Igor, assumiria o negócio da loja de motos. E Marcelly, que tinha relação com os dois, também se beneficiaria.
“O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles”, apontou a entidade.
A defesa dos acusados nega a versão apresentada pela promotoria. Eles afirmam que não houve plano e que os fatos precisam ser analisados com cautela. No entanto, as prisões foram mantidas diante da gravidade dos indícios.

Como ocorreram as prisões de Mário Vitorino, Marcelly Peretto e Rafaela Costa?
Rafaela e Marcelly se entregaram à polícia no dia 6 de setembro. Já Mário foi encontrado escondido na casa de um parente de Rafaela, em Torrinha, no interior paulista, e preso no dia 15. Inicialmente, todos foram detidos de forma temporária.
No mês seguinte, após denúncia formal das promotoras Ana Maria Molinari e Roberta Bená, as prisões foram convertidas em preventivas. Desde então, os três seguem detidos enquanto aguardam a decisão final da Justiça sobre um eventual júri popular.