O pequeno Yohan Gustavo, de apenas 1 ano e 29 dias, morreu 26 horas após receber alta de um hospital em Guarujá, na Baixada Santista. Segundo a família, nenhum exame foi realizado durante o atendimento. A mãe, Alenne Nayjara da Silva, acusa o médico de negligência e afirma que “o bebê poderia estar vivo se tivesse passado por um simples raio-x”.
De acordo com o laudo médico, Yohan morreu em decorrência de insuficiência respiratória aguda, abdômen agudo obstrutivo e intussuscepção intestinal – condição em que uma parte do intestino se dobra sobre outra, causando uma grave obstrução. Para a família, a morte do menino é consequência direta de erro médico e falha no atendimento.
O bebê foi levado ao Pronto-Socorro (PS) da Avenida São João, no bairro Vicente de Carvalho, na noite de 6 de outubro, apresentando vômitos, fortes dores abdominais e constipação. Mesmo diante do quadro preocupante, a família afirma que o médico não solicitou exames e diagnosticou o problema como “gases presos”.
‘Alta médica sem exames’ e ‘medicação inadequada’
De acordo com a família, o profissional apenas palpou o abdômen da criança, sem solicitar exames laboratoriais ou de imagem. O médico prescreveu seis medicamentos, entre eles uma vitamina para anemia, e liberou o bebê por volta da meia-noite. Uma familiar conta que, mesmo seguindo as orientações médicas, Yohan não melhorou.
As dores persistiram, os vômitos aumentaram e o bebê continuava sem evacuar. Foi então que, durante a madrugada do dia 8 de outubro, o quadro piorou drasticamente. Por volta de 2h, Yohan começou a ter convulsões. Desesperada, a família correu até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Rodoviária, mas os esforços para reanimar o menino não tiveram sucesso.
Família transforma dor em protesto
“26 horas. Esse foi o tempo entre receber alta e perder nosso bebê para sempre”, escreveu Alenne nas redes sociais. A mãe criou um perfil para cobrar justiça e denunciar o que considera um caso de negligência médica. “Nenhum pai ou mãe deveria enterrar um filho por erro de quem jurou salvar vidas”, desabafou.
Amigos e familiares se mobilizaram nas redes sociais e, também, nas ruas. Nesta quarta-feira (15), está prevista uma passeata em protesto, com concentração às 15h, na Praça 14 Bis, no Distrito de Vicente de Carvalho. O grupo seguirá até o Pronto-Socorro da Avenida São João, onde o menino foi atendido pela primeira vez.

Médico envolvido na denúncia foi afastado
Por meio de nota, a Prefeitura de Guarujá informou que a Secretaria de Saúde (Sesau) abriu um processo administrativo para apurar o caso, por determinação do prefeito Farid Madi (Podemos). “O caso é grave e será apurado de forma rigorosa, para que eventuais falhas no atendimento sejam identificadas e os responsáveis, devidamente responsabilizados”, disse.
Já a Organização Social Instituto Bom Jesus, responsável pela gestão do Pronto-Socorro da Avenida São João, informou que afastou imediatamente o médico envolvido assim que recebeu a denúncia.
Entenda a intussuscepção intestinal
Especialistas explicam que a intussuscepção intestinal é uma emergência pediátrica que exige diagnóstico rápido, geralmente confirmado por raio-x ou ultrassonografia. O tratamento precoce costuma ser eficaz. Entretanto, quando confundida com gases ou prisão de ventre, a obstrução pode evoluir para infecção generalizada e insuficiência respiratória.