A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou duas mortes por febre maculosa. Os casos são os primeiros deste ano, sendo que uma das pessoas foi infectada fora do município. A Pasta lamenta, se solidariza com as famílias e está reforçando as ações de prevenção à doença desde junho em virtude do período de sazonalidade que se estende daquele mês até o fim do ano. Os perfis dos óbitos registrados foram:
- Sexo masculino, 63 anos, residente na área de abrangência do Centro de Saúde (CS) Aeroporto. Ele apresentou os primeiros sintomas da doença em 31 de maio e a morte ocorreu em 6 de junho. Foi atendido e internado em hospital público de Campinas. O local provável de infecção é uma área de pesca em outro município de São Paulo.
- Sexo feminino, 47 anos, residente na área de abrangência do CS Jardim Guanabara. Ela apresentou início dos sintomas em 4 de junho e o óbito foi no dia 10 do mesmo mês. Foi atendida e internada em hospital privado de Campinas. O local provável de infecção foi um terreno privado na área rural no distrito de Sousas, perto do Rio Atibaia.
Ações contra febre maculosa em Campinas
Em relação ao caso com transmissão em Campinas, a Saúde reforçou a sinalização de risco para transmissão da febre maculosa com instalação de placas de alerta nas proximidades do local provável de infecção. Além disso, houve um trabalho de ação educativa com orientações para a população que reside em imóveis próximos das áreas com risco de transmissão no distrito de Sousas.
Foi feito ainda um trabalho para sensibilização dos profissionais das imobiliárias com sede próxima ao local provável de infecção, incluindo um comunicado com recomendações de cuidados durante as atividades em áreas de risco e a importância de orientar os clientes.
O município realiza ações educativas sobre o tema de forma contínua para sensibilização das equipes de saúde e da população. Entre o início de 2023 e o primeiro semestre deste ano foram realizadas 266 ações, sendo 66 em 2025. A lista reúne palestras, oficinas, visitas a imóveis para orientações aos moradores, capacitações de profissionais e exposições.
Estatísticas
- 2024 (ano todo) – oito casos (todos com transmissão em Campinas) e um óbito.
- 2025 – dois casos (um com transmissão em Campinas e outro fora) e dois óbitos.
O que é a febre maculosa e período de sazonalidade
A febre maculosa é uma doença grave, com alta letalidade, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. A infecção se dá pela picada do carrapato-estrela infectado com esta bactéria.
O período de sazonalidade costuma ter início em junho e se estende até novembro em razão do registro de dias seguidos de baixa umidade relativa do ar, condição climática em que há maior predomínio das fases jovens do carrapato-estrela no ambiente, o que aumenta o risco de transmissão e ocorrência da doença.
Na fase jovem, quando o carrapato é conhecido como “micuim” (larvas) e “vermelhinho” (ninfas), ele pode parasitar qualquer animal, inclusive o ser humano, que frequenta áreas com vegetação, especialmente onde há cavalos, capivaras e outros animais silvestres.
Manejo de capivaras e mais orientações
A Prefeitura iniciou em setembro de 2024 um trabalho de manejo para controle reprodutivo das capivaras que vivem livremente nos parques públicos de Campinas.
A iniciativa já esterilizou quase 200 animais que vivem na Lagoa do Taquaral e em junho deste ano a Administração iniciou a medida envolvendo os animais que estão no Lago do Café. Após a conclusão desta etapa, serão contemplados os seguintes locais: Parque das Águas, Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, Parque Hermógenes de Freitas Leitão, Parque Linear Capivari e Parque Linear Ribeirão das Pedras. A gestão do projeto é coordenada pela Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
A Prefeitura mantém uma página na internet que reúne uma série de informações sobre a febre maculosa, incluindo explicações sobre a doença, perguntas e respostas, manual para prevenção em locais com presença de carrapatos, manual para os profissionais da área de segurança do trabalho, material educativo de divulgação para a população, conteúdo para gestores e profissionais de saúde, além de boletim epidemiológico e painel de monitoramento.
Há ainda ressalva para a Lei Municipal 16.418/2023, que dispõe sobre a obrigatoriedade de os estabelecimentos, produtores, promotores e organizadores de eventos realizados em locais sujeitos à presença do carrapato-estrela informar sobre o risco de febre maculosa brasileira.
Sintomas da febre maculosa e dicas para evitar a doença
Os sintomas iniciais são febre, dor de cabeça e dor no corpo, com piora progressiva. Surgem de dois a 14 dias após a picada do carrapato infectado, podendo ser confundidos com outras doenças, como dengue, leptospirose e gripe.
A febre maculosa tem cura, mas o tratamento precisa ser iniciado logo nos primeiros dias de sintomas para evitar agravamento e possível óbito. É importante evitar contato direto com vegetação, principalmente perto de rios, córregos e lagoas, utilizar roupas e calçados que cubram o corpo e ficar atento para retirar rapidamente eventuais carrapatos aderidos à roupa e ao corpo.
Caso a pessoa apresente febre entre dois a 14 dias após frequentar áreas verdes, a pessoa deve procurar imediatamente um serviço de saúde e informar que esteve em local onde o carrapato-estrela pode estar presente. Com isso, a Saúde ressalta a importância de não banalizar sintomas, uma vez que o tratamento oportuno é imprescindível para salvar vidas.
Dicas para evitar a doença
Quem visita, trabalha ou mora em área de risco para febre maculosa – próximo a matas, rios e parques com áreas verdes – pode seguir as seguintes medidas de prevenção:
- O carrapato-estrela é encontrado naturalmente em gramados e matas, em especial nas áreas próximas a rios, lagos e lagoas. Se estiver contaminado, pode transmitir a bactéria que causa a febre maculosa;
- Evite caminhar, sentar e deitar na grama e nos locais com acúmulo de folhas secas caídas. Os carrapatos se concentram em áreas de sombra;
- Evite se aproximar de rios, lagos, lagoas e dos animais presentes no local;
- Faça piquenique, comemoração, ensaio fotográfico e atividade física nas áreas pavimentadas;
- Use roupas claras e observe o corpo e as roupas. Se algum carrapato chegar até você será mais fácil enxergar;
- Encontrou um carrapato aderido na pele? Retire com cuidado, sem esmagar, de preferência usando uma pinça e lave o local com água e sabão;
- Em casa, tome banho quente e use bucha vegetal fazendo movimento circular. Se tiver algum carrapato na pele, a bucha ajuda a retirar;
- Ao visitar áreas verdes e parques da nossa cidade, respeite as orientações das placas de informação e, se apresentar sinais e sintomas (febre, dor no corpo, dor de cabeça) em até 14 dias, procure por um serviço de saúde e relate a situação e exposição ambiental;
- O carrapato de cachorro não é da mesma espécie do carrapato-estrela. Porém, se o seu pet frequenta área de risco, ele pode ser infestado pelo carrapato-estrela e levá-lo para casa.