Previsto inicialmente em 1896 pelo químico suíço, Svante Arrhenius, o aquecimento global, efeito estufa e mudanças climáticas eram apenas uma previsões de época. Svante foi o primeiro a argumentar que as emissões de dióxido de carbono (CO₂) causadas pelos humanos poderiam levar ao aquecimento do solo, e influenciar “gases do efeito estufa”, levando assim ao aumento da temperatura da Terra.
Muitas décadas depois, com a chegada dos carros movidos à combustíveis fósseis e o aumento na indústria, as previsões de Svante se concretizaram quase que integralmente. A queima de combustíveis fósseis aumentou de fato os níveis de CO₂, mais rápido do que Svante esperava, porém menos do que ele previa.
As mudanças climáticas causadas pela emissão de dióxido de carbono é um dos nove limites planetários estabelecidos pela Universidade de Stockholm, como um termômetro da Terra. Em setembro deste ano a humanidade já havia passado o sétimo limite planetário (leia no detalhe).
Pauta da COP30 e da Sabesp
A Sabesp apresentou nesta segunda-feira (3) suas metas de descarbonização até 2035, uma semana antes da abertura da COP30, em Belém. O plano prevê redução de 15% nas emissões de gases de efeito estufa em relação ao inventário de 2024 e inclui medidas de modernização operacional, autogeração de energia e reflorestamento de áreas estratégicas. A proposta se apoia em dados técnicos do inventário corporativo e busca compatibilizar a universalização do saneamento básico com a diminuição da pegada de carbono da operação.
Segundo o documento, a intensidade das emissões — a quantidade de CO₂ equivalente por mil metros cúbicos de esgoto tratado — cairá 41%, de 1,61 tCO₂e/1.000 m³ para 0,94 tCO₂e/1.000 m³ até 2035. No Escopo 2, que abrange as emissões associadas à eletricidade comprada, a redução prevista é de 43%, apoiada em três frentes: autogeração, uso de fontes renováveis e eficiência energética. A meta considera os Escopos 1, 2 e parte do 3, que incluem emissões diretas e indiretas da operação e da cadeia de valor.
“É um compromisso com linha de base, horizonte e governança”, afirmou a diretora-executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade, Samanta Souza. “Fomos além do padrão ao incluir no inventário o impacto do esgoto ainda não tratado. Vamos reflorestar mananciais ano após ano, integrando clima, água e pessoas.”
O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Daniel Szlak, acrescenta que as metas são auditáveis e vinculadas ao ciclo de obras da universalização. “A queda de 43% no Escopo 2 vem da autogeração e da eficiência. São resultados sustentados por melhorias de processo e acompanhados publicamente”, afirmou.
Alternativas econômicas
Uma alternativa econômica desenvolvida para mitigar os efeitos dos gases estufas, e ainda gerar incentivos econômicos, está na chamada “tokentização” do carbono. O “mercado de carbono“ é um instrumento econômico criado para incentivar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) por meio de compensações financeiras. Cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de gases não emitidos na atmosfera, conceito originado no Protocolo de Kyoto (1997). Esses créditos funcionam como commodities ambientais, negociados em dólares, com liquidez semelhante à de criptomoedas.
No Brasil, a MOSS — considerada uma das maiores plataforma ambiental do mundo — foi pioneira ao tokenizar créditos de carbono, criando a Carbocoin, que passou a ser negociada no Mercado Bitcoin em 2021. Segundo o CEO e fundador, Luis Felipe Adaime, a digitalização do ativo “traz liquidez e acessibilidade à compensação de emissões, pavimentando a estrada para a conservação ambiental e redução dos gases de efeito estufa”.
