Considerada uma praga na Ásia, a presença do percevejo-de-pintas-amarelas (Ethersina fullo) no Brasil tem preocupado especialistas em meio ambiente. O primeiro registro oficial da espécie foi feito pelo biólogo Yan Lima, que avistou o inseto enquanto fazia fotografias.
A foto capturada por Yan serviu de base para a publicação de um artigo científico confirmando a presença da espécie no Brasil. A principal hipótese dos pesquisadores é que o percevejo tenha chegado ao país escondido em um navio vindo da Ásia, desembarcando pelo Porto de Santos em 2020. Desde então, já foram ao menos 26 registros da espécie na Baixada Santista, com novos casos ainda sendo analisados.
Há dois anos, o inseto também apareceu numa goiabeira no quintal de Juliana Rezende, moradora de São Vicente. “A gente vê com certa frequência, e em alguns períodos do ano, em maior quantidade”, relata Juliana. Embora o percevejo não ofereça riscos diretos ao ser humano, ele é conhecido por causar danos significativos em plantações de kiwi e pera na China, onde as perdas nas lavouras chegaram a 30% nos anos 1990.
Ainda não se sabe qual impacto pode ter na produção agrícola e na vegetação nativa brasileira, mas para conter a proliferação da espécie, especialistas recomendam atenção ao transporte de plantas entre regiões.
“Esse ato, que pode parecer simples, pode acabar levando exemplares junto”, alerta Sérgio Boccalini, diretor do Sindicato do Setor Controle de Vetores e Pragas Urbanas (Sindprag). Ele também ressalta que as características tropicais do Brasil se aproximam muito das condições do país de origem, a China, o que pode favorecer a reprodução do inseto.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Agricultura, que é responsável pela fiscalização das cargas de origem animal e vegetal que chegam pelos portos brasileiros, não se posicionou sobre o assunto até o fechamento desta reportagem.
*Com informações do SBT News*