Uma criança de 4 anos presenciou a prisão da própria mãe, uma jovem de 22 anos, durante uma operação da Polícia Civil em Guarujá, na Baixada Santista. No imóvel onde estavam, alvo de investigação por ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), foram apreendidas drogas, armas e materiais associados ao tráfico. A ação ocorreu na segunda-feira (13).
Segundo o boletim de ocorrência (BO), o mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do companheiro da mulher, apontado como integrante de uma facção criminosa. Ele não foi localizado, mas os policiais encontraram a jovem e sua filha no local. A corporação acredita que elas morassem no imóvel, já que havia supostos indícios de permanência.
Durante a revista, foram localizadas diversas armas expostas, muitas delas réplicas perfeitas de pistolas e fuzis. Também foram apreendidas munições de fuzil e uma pistola calibre .38 com numeração raspada, de uso restrito. A mulher acabou indiciada por armazenar armas e drogas, além de associação ao tráfico junto com o companheiro.
Drogas, armas e documentos do PCC
Ainda conforme o registro policial obtido pelo VTV News nesta quinta-feira (16), dois celulares estavam escondidos sob um colchão, junto de entorpecentes, equipamentos e anotações que indicavam a venda de drogas. Os agentes também recolheram cartas manuscritas mencionando o “batismo” de novos integrantes do PCC.
Apesar de não possuir antecedentes criminais, a mulher tem dois irmãos com passagens por tráfico. A Polícia Civil suspeita que o companheiro, alvo da operação, tenha sido alertado e fugido antes da chegada dos agentes. Diante das evidências, ela foi conduzida à delegacia e autuada por armazenar drogas, armas e munições em conjunto com o suspeito.
A jovem passou a noite na cadeia pública de São Vicente e foi liberada após audiência de custódia, realizada na terça-feira seguinte (14). Na decisão, a juíza Carla Milhomens Lopes de Figueiredo Gonçalves de Bonis entendeu que não havia motivos para a prisão preventiva. A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Defesa afirma inocência
O advogado Renan Lourenço afirmou à reportagem que sua cliente não tem vínculo pessoal nem criminal com o investigado. Segundo ele, a jovem estava no local apenas para fazer uma tatuagem e não reside no imóvel, que possui cômodos independentes. Ressaltou ainda que os materiais apreendidos não pertenciam a ela.
De acordo com o defensor, a prisão foi resultado de uma “presunção equivocada de envolvimento”, já que nada foi encontrado em posse da cliente. Durante a audiência, foram apresentados comprovantes de residência, contrato de locação e documentos que comprovam sua atividade profissional e rotina regular como mãe solo.
O caso segue em fase judicial, aguardando a audiência de instrução e julgamento. A defesa prepara novas provas para demonstrar a ausência de vínculo da jovem com o crime. “Acreditamos que, ao final do processo, a inocência dela será plenamente reconhecida”, concluiu o advogado.