Campinas é uma cidade repleta de atrações conhecidas, como o Parque Taquaral e o Mercado Municipal, mas ela também guarda muitos destinos perfeitos para quem busca algo fora do comum. Além das tradicionais opções turísticas, há uma série de destinos em Campinas que oferecem experiências diferentes, autênticas e únicas, ideais para quem deseja explorar o lado mais desconhecido da cidade.
Campinas oferece um roteiro único e fundamental para compreender a herança afro-brasileira da cidade. Através de parcerias com entidades culturais e a população negra local, o Roteiro Afro Campineiro revela as contribuições da comunidade negra para a formação da cidade. Compreendendo pontos históricos e culturais, este passeio permite uma imersão profunda na memória coletiva do município.
Aqui estão 5 destinos essenciais que fazem parte desse roteiro:
1. Casa de Cultura Fazenda Roseira
A Casa de Cultura Fazenda Roseira é uma conquista do movimento negro e do movimento popular, sendo uma referência agregadora da cultura afro-brasileira dentro da cidade de Campinas.
Trata-se de um casarão do final do século XIX que se tornou um equipamento público em 2007 por conta do loteamento da área da antiga Fazenda, e que, a beira da destruição e depredação, foi ocupada pela Comunidade Jongo Dito Ribeiro e outros grupos, movimentos sociais e religiosos de matrizes africanas que ja organizavam-se em rede.
A Associação do Jongo Dito Ribeiro desde 2008 faz a gestão da Casa, articulando atividades culturais e educativas que tem como eixos a cultura, a historia, a mitologia e o meio ambiente em uma perspectiva afrobrasileira.
2. Paróquia São Benedito
A Paróquia São Benedito (Centro) foi criada em 16 de agosto de 1966 por decreto do arcebispo metropolitano, Dom Paulo de Tarso Campos. No entanto, a devoção a São Benedito e a construção de um templo consagrado a ele é bastante antiga, data de 1839. A realização dessa iniciativa deve-se ao escravo liberto Tito de Camargo Andrade, mestre Tito, como era conhecido.
Mestre Tito sonhava com um templo onde os escravos se sentissem no que era seu, para louvarem a Deus como os brancos o faziam. Para isso, buscava esmolas e donativos de porta em porta. Conseguiu a concessão do terreno anexo ao jazigo do Cônego Melchior Fernandes Nunes de Camargo, junto ao cemitério de escravos.
O velho devoto de São Benedito não pôde ver concretizado seu sonho. Morreu no dia 2 de janeiro de 1882. Após o seu falecimento, as obras da igreja estiveram paralisadas até que a Sra. Dona Ana de Campos Gonzaga tomou para si a enorme e difícil tarefa de concluir o templo. As obras continuaram e ficaram concluídas em 1885, graças ao empenho de dona Ana de Campos Gonzaga, sendo a nova igreja inaugurada no dia 11 de outubro.
O retrato do mestre Tito encontra-se no interior do templo, ladeado pelo retrato de dona Ana de Campos Gonzaga. Em 1897, passou a funcionar, em um prédio anexo ao templo, o Colégio São Benedito, primeira escola para negros no Brasil.
No entorno da Igreja de São Benedito estão o Hospital Casa de Saúde Campinas e, inserida nele, uma capela, dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ambos patrimônios históricos da cidade tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio artístico e Cultural de Campinas (Condepacc).
3. Largo Santa Cruz
Provavelmente a segunda praça a se formar na cidade, um pouco mais distante do núcleo central, o Largo de Santa Cruz caracteriza-se, já na primeira metade do século XIX, como um importante espaço público em torno do qual se inicia um pequeno comércio, primeiramente em função dos tropeiros, e posteriormente das indústrias que ali se instalavam.
Seu nome se deve a uma capelinha, chamada Capela de Santa Cruz, construída em taipa, por escravos, sendo que, por volta de 1814 surgem em suas imediações as primeiras residências.
O Largo de Santa Cruz situava-se em uma das principais entradas da cidade, denominada “caminho dos pousos”, pois ali os tropeiros e viajantes se refaziam de suas longas viagens em direção a Goiás.
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Foi no Largo de Santa Cruz que se construiu a primeira forca da cidade, em 1835, o que lhe deu a alcunha de “Largo da Forca”.
No local, teria ocorrido a execução do jovem Elesbão, o primeiro escravizado enforcado e decapitado, abrindo o precedente para enforcamentos públicos. Essa história da cidade foi resgatada no livro do pesquisador Valdir Oliveira, importante contribuição para resgatar a história dos escravos na cidade.
O autor da obra, Valdir Oliveira, durante sete anos pesquisou todo o processo de condenação no Arquivo do Tribunal de Justiça, que faz parte do acervo do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Havia uma determinação do imperador D.Pedro I para que as forcas fossem erguidas dois dias antes do cumprimento da sentença e retiradas dois dias depois.
Em Campinas, ela permaneceu na praça até 1848, servindo a uma série de enforcamentos e depois transferida para o Campo da Alegria (hoje, Praça Sílvia Simões Magro – Largo São Benedito), onde permaneceu por alguns anos, até que numa noite foi incendiada por parte da população, que se mobilizou em uma campanha para acabar com os enforcamentos na cidade.
4. Espaço Arte Africana
O Espaço Arte Africana é um espaço de acolhimento e formação na cultura e arte da civilização BaNtu (conjunto de povos que habitaram a África Central e que compartilhavam uma língua, o tronco linguístico banto). Agrega um Museu com milhares de obras de arte africana, uma loja de artigos africanos e a CARKISS DANCE – Companhia de dança negra contemporânea.
Museu das Artes Africanas é um local de grande relevância cultural, unico na região de Campinas, responsável por realizar exposições ao longo de todo o ano. Sempre aberto ao público. O museu apresenta milhares de obras de arte originais, trazidas diretamente do continente africano.
Desde 2011, recebem mais de 5 mil visitantes em exposições, tanto internas quanto externas. As exposições são permanentes e ocorrem a cada três meses, abordando diversos temas. O acervo possui uma vasta coleção de máscaras africanas originais e raras das civilizações BaNtu, Yoruba, Dogon, Akan, entre outras. Essas máscaras são testemunhos valiosos da cultura e tradição dos povos africanos.
5. Instituto Babá Tojoli
O Instituro Babá Toloji é notoriamente conhecido no Município de Campinas como centro de referência da memória e identidade da cultura afro, fornecendo à comunidade local contato com a cultura artística das populações tradicionais Africanas.
A instituição reúne uma grande quantidade de itens relacionados à cultura afro em seu museu, que contèm peças pertencentes à coleção pessoal de seu fundador e mantenedor Sr. Toloji.
O acervo hoje tem em torno de 12 mil peças, entre colares, esculturas, máscaras de rituais, de danças e de iniciação, totens, instrumentos musicais, conchas, vassouras, tecidos, recipientes, tudo relacionado à cultura africana