O ano de 2024 foi o mais letal da aviação em 10 anos, com 152 vidas perdidas em acidentes aeronáuticos, conforme dados do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer).
Nesta sexta-feira (7), um acidente envolvendo um avião de pequeno porte na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, deixou duas pessoas mortas e outras seis feridas. Segundo dados do Sipaer, em 2025 já ocorreram 20 acidentes aéreos, sendo oito deles fatais.
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O aumento significativo de acidentes fatais na aviação em 2024 foi influenciado, em grande parte, pelo acidente da VoePass, ocorrido em 9 de agosto. A aeronave caiu em Vinhedo, ceifando 62 vidas, incluindo quatro tripulantes e os demais passageiros.
O avião, prefixo PS-VPB, decolou de Cascavel (PR) às 11h58 e tinha como destino o Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. No entanto, perdeu o controle e caiu às 13h21 em um condomínio de chácaras em Vinhedo.
O segundo acidente aéreo com maior número de mortes em 2024 ocorreu no fim de dezembro, em Gramado (RS). O avião de pequeno porte havia saído do aeroporto de Canela com destino a Jundiaí, em São Paulo, quando caiu por volta das 9h15. Ele atingiu a chaminé de um prédio, uma casa, uma pousada e uma loja de móveis. Dez pessoas morreram, todas da mesma família.
O terceiro acidente aéreo com maior número de mortes em 2024 ocorreu no fim de janeiro, quando um avião com sete pessoas caiu em Itapeva (MG). Nenhum dos ocupantes da aeronave – dois tripulantes e cinco passageiros – sobreviveu.
O avião, um turboélice monomotor modelo PA-46-350P, que ia de Campinas a Belo Horizonte, caiu em uma área rural de Itapeva. Em linha reta, o local da queda fica a cerca de 90 quilômetros do ponto de decolagem e a aproximadamente 250 quilômetros do aeródromo onde deveria pousar.
O Perfil dos Acidentes Aéreos em 2024 no Brasil
Em 2024, uma série de fatores contribuiu para o aumento de acidentes aéreos fatais. O perfil dos acidentes é predominantemente composto por aeronaves de pequeno porte, como aviões particulares e helicópteros, com destaque para os voos executivos e de aviação geral.
Além disso, a grande quantidade de acidentes pode ser atribuída a falhas mecânicas, erro humano e condições meteorológicas adversas. O próprio Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) apontou que boa parte dos acidentes ocorreu em voos que atravessaram regiões com forte turbulência ou condições meteorológicas difíceis, como nevoeiro ou tempestades. A falta de equipamentos modernos, como detectores de gelo, foi identificada em casos como o do acidente de Vinhedo, envolvendo a aeronave da VoePass.
Acidentes Aéreos em 2025 no Brasil
Em 2025, quatro graves acidentes fatais envolvendo aviões particulares e helicópteros foram registrados no Brasil. Um deles ocorreu nesta sexta-feira (7), vitimando o advogado Márcio Louzada Carpena e o piloto Gustavo Monteiro, em São Paulo.
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Além disso, no dia 17 de janeiro, um casal de Nova Odessa, no interior de São Paulo, morreu após um acidente de helicóptero em Caieiras, na Grande São Paulo. Segundo o Corpo de Bombeiros, estavam a bordo o empresário e sua família.
O piloto foi resgatado com vida pela Polícia Militar, a cerca de 500 metros do local da queda. Além dele, uma menina de 11 anos, filha do empresário, também foi resgatada com vida.
Já no início de janeiro, um acidente em Ubatuba, no dia 9, vitimou o piloto e deixou quatro pessoas feridas. A aeronave saiu do aeródromo, cruzou a pista que margeia a praia do Cruzeiro e chegou até a faixa de areia em chamas. Os destroços ficaram espalhados na orla, no limite entre o mar e a faixa de areia.
Em 27 de janeiro, três pessoas morreram após um helicóptero cair em uma fazenda, em Cruzília, interior de Minas Gerais.
As aeronaves de pequeno porte continuam sendo as mais envolvidas em acidentes fatais no Brasil. A falta de regulamentações mais rigorosas e a manutenção deficiente de algumas dessas aeronaves têm sido uma preocupação constante, aponta o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). O número de acidentes com aviões pequenos permanece alto.
Para o comandante Décio Corrêa, presidente da Associação Brasileira de Formação Aeronáutica (Abefaer), as quedas de uma aeronave são influenciadas, normalmente, por mais de uma causa.
Ele explica que as razões que mais estão envolvidas em um acidente são condições meteorológicas adversas, falhas de componentes mecânicos, manutenção precária e, principalmente, falha humana.
“Cerca de 85% dos acidentes têm como principal fator contribuinte a falha do próprio piloto”, afirmou Décio Corrêa.
Queda de avião da Voepass em Vinhedo vitimou 62 pessoas em 2024
Um avião da VoePass, modelo ATR 72-500, caiu em uma área rural de Vinhedo, interior de São Paulo, no dia 9 de agosto de 2024, resultando na morte de todas as 62 pessoas a bordo. A aeronave, que havia decolado de Cascavel (PR) com destino ao Aeroporto de Guarulhos, enfrentou dificuldades durante o voo devido à formação de gelo nas asas, o que comprometeu os sistemas de navegação e controle.
Esse acidente foi um dos mais trágicos da aviação brasileira em 2024, levantando preocupações sobre a manutenção de aeronaves e a segurança nos voos regionais. A investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) está apurando os detalhes sobre as causas do incidente.